The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

04 agosto 2008

poltergeist, o fenômeno

minha máquina de lavar roupas tem vontade própria.
te digo que eu até já estou acostumado com seu temperamento. eu vou lá e mando ela trabalhar numa boa, lavagem curta para tecidos normais, com dois enxágues, por favor. alimento o troço com sabão em pó omo e amaciante fofo. aí vou tratar da vida. e a máquina aproveita. se enche de água e depois dá uma mijada esvaziando-se no tanque ao lado. se enche de água de novo e passa a ronronar, ruminando as roupas em seu ventre. nessa hora ela já começa a se movimentar em demasia, às vezes alagando o chão da área de serviço.
então ela se sacoleja toda, faz mais barulho que as hélices de um helicóptero em pane, como se atacada por um poltergeist. e sai andando por aí.
certa feita, flagrei a máquina no meio da cozinha. acho que ela pensava em espiar a geladeira. não gosto de deixar o troço ligado e ir para a rua. temo pela integridade de meu apartamento beatnik. temo que vá parar no banheiro.

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