The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

11 setembro 2008

the midnight special

te digo que quero aprender a virar a noite again.
me faz falta, faz falta à minha poesia beat essa perspectiva da madrugada insone. são nem duas da manhã e já estou aqui a cabecear de sono, pálpebras cansadas, digitação lenta e sinapses falhas. quando era moleque, me recordo, virava a noite assim num tapa.
isso desde que era guri mesmo, na moral, achando muita classe virar do sábado para o domingo vendo o programa "vale tudo" do seu bolacha nas madrugadas da band de outrora. tinha uma entrevista toda semana, tinha alguma canja do tim maia, tinha alguma puxação de saco no fittipaldi e terminava com o vetê de algum jogo da nba. eu achava cool. queria ser like bird. não o charlie parker, que ainda não o conhecia, treze anos eu tinha, mas o larry bird, do boston. agora não tem mais bird, nem mais seu bolacha. tem o serginho groissman, eu preferia o bolacha - nunca curti a silvia vinhas, mas tinha muita tesão na cleo brandão.
e depois, quando já de maior, passava as madrugadas mais ligeiro nas beberranças da cento e nove sul. criei pança, sabotei uma gurias bacanas, foi duc*ralho e foi uma m*rda, mas - enfim - de lá ainda recolho meus fragmentos de história, minha mitologia pessoal. a gente bebia.
então quis ser o poeta do meio-dia. largar o orvalho da madrugada, o seio da amada (uh), para curtir o sol, o céu azul, a vida a pulsar nas ruas da urbe imensa. a poesia ensolarada dos dias de paz. sei lá. talvez sinta falta da noite. talvez seja apenas a rebordosa da pizza congelada.

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