The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

06 setembro 2008

down in dixieland

carrinhos velozes zunem num autódromo distante. ainda nove da manhã de sábado e teus carinhos velozes fazem barulho na minha cuca. abaixo o volume do aparelho falador em alguns graus de decibéis. me acomprido até a varanda beat, lançada no espaço aberto sob o céu azulzinho d´aclimação, para poder ouvir melhor os ruídos da vida real. os ruídos do mundo. acabo de chegar da pires da mota. ainda suado agora. trotei pela rua a balouçar minha altiva figura hipster ao ritmo da batida de charlie watts: down home girl. me apercebo e te digo que pouco conheço dos barulhos de são paulo. sempre abafados pelo i-pod, pela tevê, pelas britadeiras febris d´aclimação. há uma poesia, deve haber una poesía que me escapa, uma poesia para além das britadeiras.
verdad que aos domingos pela manhã, te disse, até consigo ouvir o galante gorjear dos passarinhos de três olhos d´aclimação. mas mesmo eles, mesmo os bravos passarinhos mutantes, não trinam a verdadeira melodia da urbe imensa. a cidade me é uma grande desconhecida, uma imensa desconhecida. levanto os olhos pro horizonte da grand ciudad. todos estão surdos. la ciudad cresce cinzenta para além de horizontes e montanhas. la grand ciudad cresce sem ruído algum.

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