branded to kill
te digo que a aclimação parece um antigo filme policial japonês.
um filme noir de seijun suzuki. um filme b de madrugada na tevê.
passo às portas do restaurante coreano na praça general polidoro. dois carros pretos de vidro fumê alinhados no meio-fio, embicados para a rua, rota de fuga em aberto. os carros pretos guardados por um segurança japonês da yakuza plantado em pé na entrada do restaurante. dentro dos carros, motoristas japoneses da yakuza mantêm os motores ligados. eu atravesso a rua e passo rente às grades do resturante coreano. como bogart. como keitel. o cara certo no filme errado. o segurança da yakuza me lança um olhar intimidador. sou mais alto, mais largo e mais forte que o japa. mas ele deve ser faixa preta de quinto dan em sete diferentes artes marciais. tranquilo e infalível como bruce lee. o kamarada me olha torto. eu olho de volta, não tiro o olho, nunca tirar o olho, encaro de queixo erguido o japa de olhos incisivos miúdos. cuspo grosso no chão, a salivar como um mad dog, dou uma coçada no culhão. me aproximo um passo, outro passo, como quem vai fazer alguma cousa errrada e vai fazê-la rápido. como quem desconhece por completo as noções de segurança e diplomacia com o submundo coreano d´aclimação. como quem não se intimida: o último poeta beat lançado em sua missão kamikaze no coração flamejante de seu último e definitivo soneto.
uma elegia. pigarreio e vou embora. não olho para trás.
don´t look back, like dylan in the movies, on your own.
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