The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

08 dezembro 2008

da arte de atirar dinheiro pela janela

duzentos e oitenta e sete reais.
foi o cheque que eu passei. o cheque que eu tive de passar. tive ainda de escrever isto por extenso: duzentos e oitenta e sete realezas - cada palavra doendo fundo em minh´alma beat.
para pagar o conserto da máquina de lavar roupas.
para o conserto de uma máquina que nem é minha - veio junto com o resto do apartamento e dos eletrodomésticos a sua volta.
quanto tempo ela tem de uso?, me perguntou o profissional que veio consertá-la. nem faço idéia, meu senhor, respondi, e ele me olhando estranho, achando muito hipster da minha parte não fazer idéia da vida útil de meus próprios eletrodomésticos.
a máquina nem é minha, achei sensato explicar, está na minha mão faz um ano e pouco, mas vá saber o que lhe aconteceu antes disso.
aproveitei para contar sobre os hábitos da máquina de lavar.
ela costuma sair por aí, disse.
o camarada me explicou que ela dá essas voltas pela cozinha porque tem um vazamento lá atrás. é um comportamento típico entre essas máquinas. porque o tal vazamento derrama água lá atrás. então a máquina perde atrito com o chão. e sai andando na hora em que começa a bater a roupa. sai andando e tropeça no meu armário da área de serviço. molha o chão, tipo cachorro vira-lata. mas molha limpinho, água com sabão omo e amaciante fofo.
quer que eu arrume o vazamento? sai mais oitenta e cinco reais.
melhor não, meu senhor, melhor esperar dar pau.
porque aquelas duzentas e oitenta e sete pilas, eu tinha outro destino para elas. ia gastar tudo no puteiro. com uma moça do balneário vison. agora fiquei na mão.

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