The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

01 dezembro 2008

getting away for the summer

oh. estou de volta às bukólicas alamedas d´aclimação. te digo que sinto essa estranha sensação de pertencimento cada vez que desabo novamente aqui na grande cidade. como se fosse realmente meu lugar no mundo estar aqui assim, tão fora de esquadro, vagabundo. posso até passar muito bem um punhado de dias em terra estrangeira, um punhado de dias na antiga cidade, mas depois de duas semanas, sei lá, sinto falta do gás carbônico, da buzina do vendedor de amendoim, sinto falta do bafinho de gordura das frituras de seu brito cada vez que abro a porta do ascensor vertical aqui no décimo-sexto andar do the double tree park. pensando nisso, pensando estar em casa away from home, levanto minha paulistana carcaça e vou até minha varanda beat, deixo o sol industrial da grand ciudad tostar minha tez esbranquiçada. de leve. as janelas, milhares de janelas, ao meu redor janelas despontando de prédios novos, recém-erguidos, despontando de prédios antigos, de reboco caindo, prédios francamente sinistros, putrefatos, como uma varsóvia depois da guerra. a varsóvia do coração industrial do brazil. sempre é guerra aqui na grande cidade. não conto mais as baixas. acho natural. estendo a bandeira branca de minha rendição. acendo um cigarrinho, acendo on my mind, e baforejo pequenas nuvens de vapor existencialista. imaginando como seria o mundo para além do parque da aclimação. fico de cuecas dentro de casa, é o que se espera de um homem civilizado: estar de cuecas n´aclimação. sob o sol de dezembro. te digo que este verão vai ser de lascar.

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