The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

13 dezembro 2008

the dark end of the street

a rua pires da mota começa pertinho do paraíso. e vem descendo, descendo pelos morros da aclimação até bater lá em baixo, até bater nos pés da baixada do glicério. eu fico aqui em minha varanda beat, no alto do décimo-sexto andar do residencial the double tree park, eu fico espiando a pires da mota se perder nos baixios da grand ciudad. rolou uma baita confusão lá por aquelas bandas indômitas. helicópteros da polícia vazaram os céus d´aclimação. como já se fazia noite, as duas máquinas voadoras da polícia ligaram seus holofotes para iluminar a cidade ali embaixo. e as máquinas voadoras ficaram assim, voando em círculos, disparando suas luzes, como mariposas ao contrário. como duas abelhas que se encontram numa brisa de primavera e pretendem daqui pra pouco partir para a cópula. deve ser divertida a cópula em pleno ar, em pleno vôo. mas antes que as máquinas voadoras pudessem exercer sua libido aérea, a pires da mota ferveu em fulgurantes cores. porque viaturas policiais desceram a pires da mota em desabalada carreira. acho bela a desabalada carreira das viaturas policiais, suas luzes de capô, vermelhas e azuis, a vararem os prédios ao redor. assustando criancinhas e moças donzelas. a polícia com a discrição de suas sirenes e buzinas, os acesos faróis piscantes, aquele espírito de que se foda se for contramão.
li os jornais do dia seguinte. para tentar saber o que se passou ali na pires da mota naquele lusco-fusco policial. não encontrei palavra.

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