The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

18 janeiro 2009

noite de sábado, manhã de domingo

domingão de sol. resolvo descer a pires da mota até o largo nossa senhora da conceição, para comprar o almoço de domingo no supermercado ricoy. mais barato que os congêneres mais próximos aqui da abastada rua loureiro da cruz.
um bife de alcatra, um pacote de linguiça fininha sadia (sem trema, por obséquio) e um saquinho de jujubas gomets.
à medida que tu desces a pires da mota vindo d´aclimação, os muros ficam mais e mais pichados a cada quarteirão. as peles mais pardas. os cabelos mais crespos. o largo nossa senhora da conceição, conferi no mapa para ti, fica no bairro do cambuci. o bairro operário do cambuci.
adentro o supermercado ricoy, com seu jeitão profissa de carrefour da perifa, e presto atenção numa dodis, logo na entrada, que está a puxar papo com um taxista de peito nu.
- que ambulância era aquela ali?
- morreu um caboclo na pensão.
- conhecido ele?
- não. era da pensão.
- morreu de quê? cachaça, foi?
- sei não. já tinham levado quando cheguei.
atravesso a seção de frios e laticínios, passo pelas gôndolas de verduras e legumes. escolho o corte de alcatra menos arroxeado entre as bandejas à exposição. data de ontem. pensando como seria tré cool morrer de tanta cachaça numa pensão do largo nossa senhora da conceição.

|