tive uma breve epifania agorinha. quando fui lavar as mãos. não costumo lavar muito as mãos, cultivo um estilo beatnik porcalhão. mas, enfim, por causa da epidemia de gripe suína e dos vestígios duma pizza quatro queijos, fiz uma breve concessão - e fui ali ao meu lavabo hipster para esse prosaico ato de higiene pessoal.
lavando minhas mãos numa amaciante e sensual espuma lux luxo de promoção, foi quando me atentei para um facto cotidiano: já se viam compridas as unhas de minhas mãos. oh, pensei cá comigo, dia desses mesmo me pus a cortá-las e agora já estão novamente crescidas. como é a biologia, não? como é a fisiologia de nosso human body, que mui bien tomamos for granted, mas que volta e meia está a nos lembrar de nossa biológica origem animal.
os cabelos não param de crescer. a menos que caiam todos. e as unhas também não. mesmo com nossos corpos já muertos, nos contam, as unhas cretinas seguem a crescer debaixo de sete palmos. insânia. para os cabelos, a gente sempre dá um jeito - eu corto aqui à rua josé getúlio, no lial a dez real. mas quanto às unhas, a não ser que tu sejas um metrossexual afetado, nós mesmos temos que nos virar.
quando em minha antiga residência beat, no apartamento 1604, do the double tree park, eu sempre me dirigia à varanda nessa hora de cortar as unhas. ficava lá, mandando brasa no unhex, e curtindo as gurias ali embaixo, tostando ao sol, na piscina de nosso residencial.
agora neste meu novo cafofo, o 1208 do double tree park, não tenho mais as meninas de biquini para estes momentos tão solenes. se eu cortar as unhas nesta varanda aqui, elas vão cair em cima do capô do carro do chalhub, que estaciona bem debaixo desta prumada. (dia desses caiu um copo cheio de cerveja que lhe varou o vidro traseiro. mas eu não tive nada com isso.)
corto minhas unhas aqui em cima de meu notebook mac pro the f*cker & seu teclado iridescente. mas sei que vai precisar mais do que isso pra conferir humanidade a estas macias e modernas teclas designed by apple in california, assembled in china.