The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

28 fevereiro 2009

the very amazing psychedelic fish

uma breaking news do noticiário animal:
"Cerca de 20 anos após ser visto pela primeira vez, mas sem ter sido pesquisado e catalogado na época, o peixe-psicodélico foi redescoberto na Indonésia e, desta vez, registrado por cientistas. O Histiophryne psychedelic foi ignorado pela comunidade científica por duas décadas e, agora, é celebrado pelos amantes dos animais marinhos como uma das mais fascinantes descobertas. Pertencente à família dos chamados peixes-rã, o peixe-psicodélico justifica a nomenclatura que recebeu pelas curiosas listras marcadas em seu corpo. A extensão da estrutura do bicho é coberta de listras azuis e brancas e os olhos irradiam cores brilhantes."
chapei nessa notícia.
mas te digo que agora fiquei encucado...
queria saber se as "curiosas listras azuis e brancas" do peixe-psicodélico são feitas em batik. queria saber ser essas "cores brilhantes" que os olhos do peixe-psicodélico irradiam se explicam por ele estar on drugs.
queria saber como o peixe-psicodélico faz pra pingar ácido e queimar fumo se ele mora debaixo da água.
queria saber se o peixe-psicodélico curte jimi hendrix e grateful dead.
queria saber se o peixe-psicodélico é amigo do michael phelps.
e principalmente... por que a comunidade científica levou duas dekadas para registrar o peixe-psicodélico? estavam esperando um flashback?

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27 fevereiro 2009

o mundo é injustus

eu sou muito fã do roberto justus.
john pothead, mentor espiritual deste blog beat, também é muito fã.
então achei por bem comunicar à comunidade tpb que no dia nove de abril começa a nova temporada de "o aprendiz". desta feita, pelo que li por aí, a disputa promete ser ainda mais tosca e amadora. porque os candidatos são 18 jovens universitários atrás de seu primeiro emprego.
o vencedor leva um milhão de reais e terá o justus como patrão.
uh. muita emossão.

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26 fevereiro 2009

se não beber, não dirija

agora peguei em mãos o noticiário das rodovias,
e te digo que ainda não entendi nada:
"No primeiro carnaval da lei seca, número de acidentes sobe 20%"

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jesus & seus irmãos

peguei em mãos o noticiário de celebridades,
e te digo que não entendi nada:
"Jesus estaria se dando bem com filhos de Madonna"

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correio elegante (dois)

bueno, os leitores do tpb já se aperceberam do quanto o karnaval n´aclimação é palpitante.
se não fosse a tragédia do lago, este blog beat simplesmente ficaria sem assunto algum. e eu ia ter que descobrir onde fica a quadra da mocidade alegre pra ir até lá e aprumar uma chronicle qualquer.
sem sako. quem sabe no próximo karnaval.
mas só pra manter o clima de "correio elegante", tomo a liberdade aqui de transcrever texto recebido agorinha há pouco. de tão bonito, sinto que devo mesmo compatilhá-lo com as gurias amigas e os kamaradas.
emossão. vai assim...
"Quando fugir da prisão que envolve o teu coração, procure um Beija Flor e confesse o seu amor e faça pro passarinho, uma prece de saudade. Pois quem sabe longe do ninho, aches a felicidade, mas se ele nem te ligar, se continuar a voar, não perca a esperança. Continue a procurar, pois quem sabe o passarinho, fugiu para não chorar. Fugiu para ter sossego, pois ele também pode amar Continue a procurar, pois quem sabe o passarinho, fugiu para não chorar. Fugiu para ter sossego, pois ele também pode amar. "

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25 fevereiro 2009

correio elegante

recebi um mail criptografado.
pelo que entendi, tem a ver com score some chicks
e, ainda por cima, aumentar o p*nto
(sorte a minha, hein?)
vai aqui a transcrição...
42sd4 CONQUISTEEM TODAS AS GATAS QUE VVOCÊS QUISEREM, TODAS PODEM SER SUAS!! VEJAM MAIS DETALHES EM http://novoamor2009.tk ==> endereço do site
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orgulho nacional

informes de hollywood dão a entender que o rodrigo santoro está catando a natalie portman.
um baita progresso pra quem, dia desses, levava chifre da piovani.
e te digo que me bateu um certo ufanismo galvão bueno agora...
ééé do braziuuu!!!
pan-pan-pan panpanpan... (a assobiar o tema da vitória)

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24 fevereiro 2009

anjos da noite

- me diz, guria, tu curtes sambão?
karnaval é o eskambau!
"exile on main st" e o louco exílio dos rolling stones
hoje, às 22h, no 'anjos da noite', pela cultura fm do distrito federal.
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é mais uma alegoria dos foliões do TPB

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lama

o andré de garcia, que mora em belo horizonte, ficou sabendo disso antes de mim, que moro aqui ao lado. só fui ler a notícia hoje de manhã, ao apanhar o jornal na porta de casa. sou um sujeito old times que ainda se informa pela primeira página de um diário matutino.
deu na folha: "acidente seca lago da aclimação e mata animais"
incrível, não, the aclimation park na primeira página dos diários?
há tempos não vou ao parque. a pista de cooper de lá é assaz exígua, apertada, estreita, para os milhares de trotantes que, todas as manhãs, fazem sua saudável fitness em público, trombando-se uns aos outros, pingando suor um no outro, acotovelando-se nos bebedouros públicos. acho isso tudo meio nojento.
e o aclimation lake, quem acompanha amiúde as narrativas do tpb há de se lembrar, também é (era) bem nojento. ou segundo os dizeres da placa que o próprio departamento de parques e áreas verdes da cidade de são paulo diligentemente fez afixar em sua orla: "água imprópria para banho e consumo humanos". o lago já tinha ocupado as manchetes, me lembro bem, no ano passado, ao ser eleito o mais poluído entre todos os lagos urbanos da grand ciudad em pesquisas internas realizadas por técnicos da municipalidade.
pois o temporal de ontem tratou de devolver à natureza o que a prefeitura tomara para si. a enxurrada do córrego pedra azul foi tamanha que detonou as tubulações que mantinham cheio o lago (artificial que nem o paranoá). escoou a água da chuva e escoou junto toda a água do lago. a cidade de são paulo, mais habituada a desastres naturais no sentido oposto, alagamentos de ruas e quarteirões inteiros, agora tem um lago sem água. parabéns.
ficou apenas um lodaçal de mais de metro de profundidade no leito do ex-lago. lodaçal que engoliu os bombeiros até a cintura quando eles entraram dentro dele para tentar salvar os bichos. porque os patos, os peixes e - dizem que havia - as tartarugas acabaram morrendo atolados na lama podre do recém-defunto aclimation lake. o pântano d´aclimação, se preferir.
te digo uma coisa, ser pato em são paulo é f*da.

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23 fevereiro 2009

and if the dam breaks open many years too soon

aquele sol de rachar. mormaço de karnaval fazendo a aclimação parecer um saara urbano.
mas te digo que em quinze, vinte minutos, não muito mais que isso, o tempo virou. o sol sumiu, fez-se noite em meu viver. as nuvens baixaram até cobrirem os edifícios do anhangabaú. o edifício copam, pequenino, desapareceu por detrás das nuvens molhadas. soprou um vento daqueles que, um dia, se não agora, anunciarão a hora do juízo final. despencou água do céu como se os deuses quisessem varrer da terra os pekados do karnaval.
se não pôs fim aos eflúvios da festa pagã, certamente o aguaceiro lavou as calçadas d´aclimação de todo o pipi, de todo o cocô de cachorro acumulados numa semana de estio.
tipo katrina. a água descendo a rua pires da mota em cataratas. a água lambendo as sarjetas, afogando as bocas de lobo, inundando a esquina com a josé getúlio. levando junto pedaços e mais pedaços de papelão, os travesseiros e o edredon dos homeless. os carros desciam a pires da mota como jet skis desgovernados, levantando água, furando o sinal e quase atropelando os banhistas perdidos no meio do asfalto. o montinho de terra do canteiro de obras foi parar no meio da rua e fez da chuva um lodaçal, emporcalhando de novo as calçadas recém-lavadas.
as dods na padaria madame saíram correndo, carregando os pãezinhos quentes & úmidos. gritinhos de frenesi e excitação. os tiozinhos na padaria se encostaram no balcão e pediram mais uma dose.
a criançada que estava a brincar na piscina do the double tree park de pronto interrompeu as atividades recreativas. as crianças pularam fora da piscina e, num alarido, correram às suas toalhas, foram atrás de abrigo - antes que se molhassem.
te digo que eu fiz bem o contrário. tirei a roupa e fiquei peladão. então fui aqui na minha varanda beat e fechei a porta atrás de mim. para não ensopar a sala, não ensopar meu sofá hipster. fiquei peladão na varanda apreciando a paisagem. tomando banho de chuva, o vento na cara, a água entrando em meus ouvidos. eu gosto dessas pequenas felicidades fortuitas. tomar um banho de chuva sem nem precisar sair de casa. pequenas felicidades urbanas.

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pierrot le fou

os britos viajaram no karnaval.
depois de viajarem em janeiro, meus queridos vizinhos viajam agora em fevereiro. brito é o marajá do inss.
será que o brito alugou uma fantasia pra desfilar na sapucaí? será que o brito foi beijar na boca atrás do trio de ivete? será que o brito acordou cedo para seguir o galo da madrugada? será que o brito já ouviu falar do pacotão? onde estará o brito?

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22 fevereiro 2009

the man in the long black coat

oh, a manhã, tão linda a manhã.
só pra te dizer que a manhã deste domingo de karnaval está particularmente serena e bukolica naqui n´aclimação.
as betoneiras paradas. até mesmo a cachorrada no cio resolveu sossegar. um pouquito de paz. o domingo despontou rosado e levemente psicodélico. aproveitei e intensifiquei o clima leseira ao meter uma seleção forte de mark lanegan aqui no meu i-tunes hipster.
calibrar uma dose de whiskey for the holy ghost. três pedras de gelo.
o mark lanegan é uma espécie de neguinho da beija-flor from seattle.
tu sabes, you can´t kill what´s already dead.
but i don´t blame you for trying.

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21 fevereiro 2009

lalalá

sérgio naya morreu
antes ele que eu

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20 fevereiro 2009

psychedelic jungle

já tinha te dito que meu i-pobre é meio autista.
agora mesmo ele está aqui a marcar dez e meia da manhã. horário de verão. não vou nem tentar mudar. já deixar assim para o verão de 2010.
todos os meus relógios digitais de aparelhos altamente sofisticados mudaram de hora sozinhos sem que eu sequer percebesse - o do computador, o da televisão - mas este meu i-pobre é realmente um pouquinho ensimesmado.
e simplesmente o troço não aceita que tu ligues ele a um comput e carregue-descarregue canções digitais em mptrês. se tu ligá-lo de repente num comput, dá uma crise dos diabos, entra em estado de choque, luz acesa, tela branca, e o computador manda avisar que "não reconhece" aquela m*rda ali conectada, que não tem nada a ver com aquilo, que por favor trate logo de desconectá-lo. e que talvez esse procedimento acarrete alguma perda de dados. enfim.
agora, se o i-pod não serve pra isso, pra que serve mesmo um i-pod?
o meu serve, assim, como uma espécie de walkman. com a diferença que, admito, tem uma fita cassete embutida que consegue armazenar uma porrada de músicas - bem mais do que as antigas fitinhas basf ferro extra de noventa minutos.
nesta mañazinha aprazível d´aclimação, por exemplo, fui bater perna até a praça nossa senhora da conceição, nossa senhora aparecida, nossa senhora do sei lá o quê, e pude ir e voltar trotando feliz a ouvir the cramps nos auriculares em volume extremo. sem precisar parar para virar a fita. auto-reverse.
oh, when the sun goes down and the moon comes up
i turn into a teenage goo-goo muck...
te digo que gosto de trotar pel´aclimação a ouvir psychobilly em meu cerebelo. é quando caminho meio esquisito, meio torto, pernas arqueadas, tipo um personagem do robert crumb. batuco na coxa e dou ligeiros pinotes com pescoço. às vezes começo a cantar baixinho.
as gurias fazendo hora diante dos portões do colégio público, ali na pires da mota, me olharam meio de lado, comprido, quando passei por elas, trotando estilo goo-goo muck. aparentemente ficaram encantadas com meu groove rocker. será que elas curtem the cramps?

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18 fevereiro 2009

journey to the center of the mind

estava esperando o tatu chegar. porque o terreno que funcionava como estacionamento da rua pires da mota, aqui ao lado do double tree park, já tinha sido fechado. vão erguer um supermerkado.
e só ontem chegou a primeira makina. um tatu metaliko que arromba o asfalto e cava um buraco fundo até atingir a fumegante camada de magma no centro da terra. difícil explicar, em palavras, o esporro que esse troço faz quando se põe a cavar.
fico aqui, debruçado na janela do meu quarto, tampões de ouvido, a apreciar a força bruta, a beleza pura do empreendedorismo humano. sei bem o que vem depois que o amigo tatu bolinha for embora. vai chegar a makina de bate-estacas. já acompanhei semelhante procedimento nos sete canteiros de obra que circundam, circundaram the double tree park desde que aqui cheguei. a makina de bate-estacas faz parecer que estão a abrir um gêiser no teu cerebelo. te digo que mal posso esperar.
chorus:
Come along if you care
Come along if you dare
Take a ride to the land inside of your mind
Beyond the seas of thought
Beyond the realm of what
Across the streams of hopes and dreams
Where things are really not...

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17 fevereiro 2009

alagados

agora tem um olho d´água no meu banheiro.
está a brotar água do chão, por entre as lajotas.
penso que posso abrir uma bukolica estância hidromineral, cá pertinho da privada, e investir no eco-turismo.

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anjos da noite

- me diz, guria, tu conheces george lewis?
encontre george lewis, e a clarineta mais quente de nova orleans.
hoje, às 22h, no 'anjos da noite', pela cultura fm do distrito federal. http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é mais uma odisséia dos navegantes do TPB

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thinking too fast for the machines

Você está publicando comentários rápido demais. Mais devagar.

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16 fevereiro 2009

a bela junie

meu dedo
te roçou o joelho
curta descarga elétrica:
fingi distração

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samba, suor & cerveja

carnaval. deu hoje no jornal: as músicas mais executadas nos recentes carnavais, segundo o escritório central de arrecadação e distribuição de direito autorais (ecad). a saber...
1. a cabeleira do zezé (1963)
2. me dá um dinheiro aí (1959)
3. mamãe eu quero (1936)
4. vassourinhas (1899)
5. teu cabelo não nega (1931)
ou seja, ainda são as marchinhas maliciosas & picarescas que minha vó dançava nos bailes de cruz alta. te digo que senti falta da ivete... levantou poeira, não é bela? deixa a vida me levar? e a boquinha da garrafa? e segura o tchan? todos aqueles anos de carla perez foram então inúteis?
nada mal, ouvir o terra samba não é nada mal
que legal, é só entrar no clima e liberar geral...

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acadêmicos do tucuruvi

manchete online de agorinha há pouco:
"Esgotados ingressos para desfiles de sábado do Carnaval paulista"
agora me diz... paulista não é mesmo um povo muito estranho?

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15 fevereiro 2009

como nossos pais

"Os pais devem dizer aos filhos: 'Drogas podem parecer divertido, elas fazem coisas engraçadas com o seu cérebro. Algumas pessoas reagem bem a elas, outras não. Experimente e veja o que você pensa'."
(lily allen)

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as calçadas da josé getúlio

persigo tuas poças molhadas,
as poças d´aclimação.
entre uma garoa e outra,
vou ali comprar pão e mortadela,
chutando os restos de chuva
das calçadas urinadas pelos totós.
a mikose entrededos,
leptospirose entrechuvas,
as doenças modernas de tua idade medieval.

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14 fevereiro 2009

breve romance de sonho

sonhei com o brito esta noite. foi bizarro. disturbing. tentarei agora, junguianamente, reconstruir a narrativa onírica que me ocupou a mente por longas horas de intensa inconsciência.
este foi um daqueles sonhos cindidos em duas partes. tipo "brito" e "brito dois, a missão". me recordo mais desta segunda parte, porque mais recente, me ocorreu depois de ter levantado para fazer o habitual pipi das quatro da manhã. a primeira parte veio antes do pipi. e talvez pela atividade urinária, que me despertou em meio à madrugada, ainda seja capaz de guardar fragmentos da primeira parte do sonho.
mas muito pouco.
por alguma incompreensível razão david lynch, própria dos sonhos, eu saí do double tree park para viajar junto com o brito. em dizer, junto com os britos, porque a velha também foi junto. o casal brito & eu. eles deviam estar de férias. e eu, a vagabundear. não me lembro de muito mais do que isto: estar on the road com os britos. não saberia te dizer se a companhia deles caia bem para mim, mas é bem possível que caísse, pois não guardo impressões marcantes dessa primeira parte do sonho. que, em verdade, agora que escrevo, mais me parece um breve intróito do que ainda virá. também não sei dizer para onde diabos viajamos. o que seria um troço bem freud: afinal a cada janeiro eu me pergunto pra onde teriam viajado os britos e, sem saber, apenas especulo, especulo. veja você. o que vale dizer é que, além de um impreciso eerie feeling de algo, alguém, se movendo entre minhas cobertas beat, que não eu, o que guardo dessa primeira narrativa de sonho é uma sensação benfazeja. talvez biológica. talvez proveniente da sempre aliviante pipizada das quatro da manhã. enfim. me levantei e fui ao kavalheiros, fiz o pipi, dei a descarga e me esborrachei de volta no colchão. tudo isso no piloto-automático. a atividade deve ter levado, ao todo, pouco menos de um minuto, pois meu modesto apartamento hipster tem distâncias curtas. de modo que, assim que novamente repousei meu cabeção no travesseiro babado, estava de volta ao convívio dos britos on my mind.
em verdade... houve uma ruptura espaço-temporal no sonho e, num salto adiante na linha kronologico-narrativa, eu já estava de volta à minha residência aqui no the double tree park. no entanto, pensava nos britos, e pensava muito nos britos, até me lembrar que eu tinha comigo algo que lhes pertencia. uma espécie de roupão de banho. ou seria um robe de seda? não era um sobretudo bogart, não, era algo de se usar em casa. um roupão, um robe. eles tinham me emprestado a vestimenta durante a viagem. que gesto de intimidade, não é verdade? por suposto recobrando um pouco da consciência em meio ao sonho, tive a urgência de devolver a roupa aos britos. e fui lá no apartamento deles. os britos eram meus vizinhos também neste sonho.
the double tree park, porém, estava irreconhecível. a geografia afetiva era outra. brito não era meu vizinho de porta, como acontece na real, brito morava alguns bons andares mais abaixo de mim. tomei as eskadas. o andar onde eu morava, no sonho, era um andar em tudo semelhante ao verdadeiro double tree park. as eskadas de incêndio também tinham semelhantes degraus, eram feitas da mesma matéria do verdadeiro double tree park. mas quando cruzei a porta de latão, chegando ao patamar dos velhos, o que se abriu do outro lado da porta de latão era em tudo diferente a este residencial que habitamos.
era como se, no andar tal, abrisse uma porta de latão para outra dimensão mobiliária-arquitetônica. de repente, me vi num prédio grande e sombrio, de espaços amplos, acarpetado, com todas as áreas comuns ocupadas por móveis antigos, como que saídos dos antiquários da benedito calixto. poltronas, divãs, namoradeiras, toucadores, espelhos, biombos. as próprias eskadas dali para os andares debaixo eram bem outras... de madeira, em karacol, como um labirinto borgeano, como uma espiral indefinida que gira sobre seu próprio eixo indefinidamente. a história da eternidade. nada disso me chamou aos sentidos. tudo me era assim tão natural. então bati na porta dos britos, que ligeiro localizei entre os compridos corredores kubrickianos que pareciam habitados pelo jack nicholson de "o iluminado". o velho brito, figura querida, veio à porta me receber. mas não entrei. apenas fiquei ali de pé e tirei do meu corpo o roupão que vestia. estava a devolvê-lo. e fiquei de cuecas. brito não o recolheu de imediato, em vez disso, chamou a senhora brito, que logo foi ter conosco ali no corredor. gentil e meiga, ela sorriu pra mim, tomou o roupão em mãos e me perguntou qual era o cartão de minha predileção. aí, sim, eu fiquei desconcertado. na hora da conta. débito ou crédito?, me perguntou. estendi a tarjeta eletronika, que ela colocou naquela makininha de ler cartões que existe mesmo nos sonhos mais buñuéis. estava a me cobrar pelo empréstimo da roupa. me lembro do valor exato: trinta e seis reais por três dias, o que equivale a uma tarifa diária de doze pilas. e me lembro de não esperar que eu tivesse de pagar pelo que me passara por uma gentileza. digitei a senha. ela me entregou o kanhoto do comprovante da transação bankaria. me agradeceu num firme aperto de mãos e entrou em casa, brito entrou junto e fechou a porta na minha frente. fiquei ali de pé, no meio do corredor, de cuecas.
minhas cuecas azuis puídas.
me bateu então, e só então, um certo pudor por estar ali metido em meus cuecones mais andrajosos. foi quando uma camareira saiu do apartamento ao lado, empurrando seu carrinho de roupas sujas em minha direção. the double tree park estava convertido em um elegante hotel uruguayo. a camareira olhou pra mim e, mui profissionalmente, baixou a vista com discrição, entrou em mais um apartamento usando de sua chave-mestra. senti-me, então, um invasor em um mundo de sonhos. stranger than paradise. procurei a porta de latão que me levaria em segurança aos andares conhecidos do prédio. mas não havia mais porta alguma. zanzei entre os corredores acarpetados, zanzei entre os antigos móveis, zanzei feito zazie dans le metro.
e terminei a noite sentado nos degraus de madeira da eskada em karacol, encolhido dentro de minha cueca azul, espiando a camareira ligeira, de belas canelas sob a barra da saia, a empurrar seu carrinho de roupas sujas de porta em porta.

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13 fevereiro 2009

atlantic city

"well, everything dies, baby, that´s a fact
but maybe everything that dies someday comes back
put your make up on, fix your hair up pretty
and meet me tonight in atlantic city"
(bruce springsteen)

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havia tempos não o via

só pra dizer que o john pothead voltou ao the double tree park.
o kamarada já me deu uma surra no winning eleven.
e batemos um rango no rod luz.

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11 fevereiro 2009

(i don´t stand) a ghost of a chance with you

“Esse difícil costume de que esteja morto. Como Bird, como Bud, he didn´t stand the ghost of a chance, mas antes de morrer disse seu nome mais obscuro, manteve longamente o fluxo de um discurso secreto, úmido daquele pudor que treme nas estelas gregas onde um rapaz pensativo olha para a noite branca do mármore. Ali a música de Clifford circunscreve qualquer coisa que sempre escapa no jazz, que quase sempre escapa no que escrevemos ou pintamos ou desejamos. De repente sente-se já pela metade que esse trompete, que busca com um cálculo infalível a única maneira de ultrapassar o limite, é menos solilóquio que contato. Descrição de uma felicidade efêmera e difícil, de uma sustentação precária: antes e depois, a normalidade. Quando quero saber o que vive o xamã no mais alto da árvore de passagem, cara a cara com a noite fora do tempo, ouço mais uma vez o testamento de Clifford Brown como um bater de asas que dilacera o contínuo, que inventa uma ilha de absoluto na desordem, onde ele e tantos mais estamos mortos.”
(julio cortázar)

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10 fevereiro 2009

anjos da noite

- me diz, guria, tu conheces a estrada sessenta e um?
um rolê com bob dylan pela "highway 61"
hoje, às 22h, no 'anjos da noite', pela cultura fm do distrito federal. http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é mais uma viagem dos lonesome hobos do TPB

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09 fevereiro 2009

a última lavagem

minha makina de lavar morreu.
bueno, foi mesmo uma morte anunciada. já estava caduca, a coitada. que descanse em paz no céu dos eletrodomésticos pós-mortem. que a tenham em bom lugar.
foi agorinha há pouco. a makina estava fazendo seu costumeiro barulho de helicóptero desgovernado. nada que me chamasse a atenção em particular, ela se comportava assim desde que nos conhecemos. já sabia que essa barulheira correspondia a seu primeiro ciclo de centrifugagem de roupas, uma vez terminado o primeiro enxágue e o primeiro esvaziamento da água de seu ventre metaliko. de modo que, como dizia, nem cheguei a botar reparo no barulho. o que me chamou a atenção, no entanto, foi um ligeiro cheirinho de queimado. alguma cousa qualquer estaria em combustão aqui no the double tree park, me lembro de ter pensado. enfim, sendo vizinho do brito, também não me apurei em nada. continuei sentado no meu sofá beat a ver two and a half men na tevê. (um episódio clássico: aquele em que todos pensam que jake está deprimido com a separação dos pais, mas na verdade ele estava com prisão de ventre, e a berta resolve a situação com um laxante.) o cheiro de queimado estava ficando ainda mais intenso. ah, suspirei, o brito ainda vai botar este prédio abaixo. foi pensar nisso e ter a minha sala invadida por uma fumaça grossa. que não era o fog industrial paulistano do fim de tarde, que não era a nuvem de gordura das frituras do brito.
oh, a makina de lavar, the fuck.
cruzei a cozinha aspirando a fumaça e logo vi a makina de lavar a incendiar-se em pleno processo de centrifugagem. arranquei seu fio da tomada, seu agônico barulho, o ranger de sua engrenagem apodrecida cessou de imediato. morreu. o chão molhado com a água que ela soltou no seu último lamento. vi refletidas na poça de água as poéticas chamas que a consumiam por dentro. enchi o balde de água e o despejei ao redor da ex-makina. as chamas lentamente se extiguiram, enquanto a água no piso me molhava os pés. abri a antiga escotilha da makina e de seu ventre resgatei o último rol de roupas, ainda molhadas, mas cheirosinhas do derradeiro gole de amaciante ypê.
amanhã chamarei os kabras da assistência técnica para virem recolher os restos da makina. não pude chamá-los hoje, até tentei, mas já passa das seis, o zero oitocentos está mudo. penduro as últimas roupas no varal, as roupas pelas quais minha ex-makina de lavar entregou seus últimos momentos. as roupas resgatadas do tragiko curto-circuito. três blusas, um abrigo de moleton, uma cueca furada na bunda. tudo o que me resta de lembrança, a pingar no varal.

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a vida sonhada dos anjos

temos as palavras bonitas e o mundo que elas criam.
e temos a vida real. temos tantas distrações e outras imperfeições. temos o suor frio, o gaguejar, a palavra errada, o pensamento que te escapa. o horário marcado, o trânsito, a chuva. a camisa manchada. o olhar perdido.

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07 fevereiro 2009

eu, também

I, too, sing America.
I am the darker brother.
They send me to eat in the kitchen
When company comes,
But I laugh,
And eat well,
And grow strong.
Tomorrow,
I'll be at the table
When company comes.
Nobody'll dare
Say to me,
"Eat in the kitchen,"
Then.
Besides,
They'll see how beautiful I am
And be ashamed-
I, too, am America.

(langston hughes)

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país tropical

até ia reclamar do calor de onze da manhã n´aclimação.
ventilador em velocidade máxima, portas e janelas abertas, etc.
então li que está fazendo quarenta e seis graus na austrália.
e fiquei sem assunto.
vou ali ver as gurias na piscina do the double tree park.

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o imortal

me diz, guria, tu lês the economist?
te digo... li em algum lugar que saiu uma matéria na revista chamando o zé sarney de "dinossauro" e dizendo que a eleição de ribamar à presidência do senado significa um "atraso de anos", uma volta ao "tempo das oligarquias feudais".
bueno. não dá mais pra disfarçar.
até o gringos já perceberam.

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corn flakes para as melhores larikas

a kellogg´s não gosta mais de michael phelps.
depois de ser pego fumando o que não devia,
michael phelps deixou de ser garoto-propaganda do corn flakes.
demitido pelos burrões da kellogg´s.
te digo: isso que é perder senso de oportunidade.

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06 fevereiro 2009

as frutas da estação

promoção de refrescos tang no supermercado dany.
cinquenta e sete centavos o envelope. faz um litro.
recomendo fortemente o tang sabor cajá:
geladinho, espumante, batido no liquidificador.
o de uva, parece até que vem da fruta.
como o de morango, tu nem percebes.
tang de limão é ótimo pro verão.
tangerina, mexerica, poncã também.
tang de laranja combina com vódega.
mas o tang de pêra, esse não tem jeito, não.

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05 fevereiro 2009

a porta verde de lux interior

Midnight, one more night without sleeping
Watching, til the morning comes creeping
Green door, what's that secret you're keeping?
There's an old piano and they play it hot
Behind the green door
Don't know what they're doing but they laugh a lot
Behind the green door
I wish they'd let me in so I could find out what's
Behind the green door
Knocked once, tried to tell them I'd been there
Door slam, hospitality's thin there
Wonder, just what's going on in there
I saw an eye ball peeping through a smoky cloud
Behind the green door
Well I said Joe sent me, someone laughed out loud
Behind the green door
All I wanna do is join the happy crowd
Behind the green door
Midnight, one more night without sleeping
Watching, 'til the morning comes creeping
Green door, what's that secret you're keeping?
Green door, what's that secret you're keeping?

(green door, the cramps)

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03 fevereiro 2009

anjos da noite

- me diz, guria, have you ever met the blues?
wynton marsalis e willie nelson: two men with the blues.
hoje, às 22h, no 'anjos da noite', pela cultura fm do distrito federal. http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é uma dose de bourbon para os bluesmen do TPB.

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a democracia e suas conquistas

por essas coincidências da vida pública, no mesmo dia de ontem, em que hugo chavez completou dez anos na presidência da venezuela, nosso estimado senador josé sarney, um dos favoritos do tpb, completou cinquenta anos no parlamento brazileiro.
por algum desses motivos insondáveis da alma humana, o próprio ribamar foi o único a lembrar.
quem tu preferes: josé sarney ou michel temer? o lula fica com os dois.

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02 fevereiro 2009

been caught smoking

então pegaram o michael phelps carburando um bong.
o ligeirinho ficou todo sem graça.
disse que foi um erro e pediu desculpas pelo "ato juvenil".
me fez cantar jorge mautner aqui baixinho:
eu não peço desculpa e nem peço perdão
não, não é minha culpa, essa minha obsessão
já não agüento mais ver o meu coração como um vermelho balão,
rolando e sangrando, chutado pelo chão...

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nova orleans, 1999

Now, won' t you come along with me
To the Mississippi?
We' ll take a trip to the land of dreams
Roll down the river, down to New Orleans
Now, the bands there to greet us
Old friends will meet us
Where all them folks goin´ to the St. Louis cemetary meet
Heaven on Earth, they call it Basin Street
I' m tellin' ya, Basin Street is the street
Where all them characters from the first street they meet
New Orleans, land of dreams
You´ll never miss them rice and beans
Way down south in New Orleans
They'll be huggin' and a kissin'
That's what I been missin'
And all that music, Lord, if you just listen
New Orleans, I got them Basin Street blues
(instrumental break)
Now ain' t you glad you went with me
On down that Mississippi?
We took a boat to the land of dreams
Heaven on Earth, they call it Basin Street

(basin street blues, spencer williams)

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01 fevereiro 2009

a cientologia & a feijoada

the breaking news do jornalismo nacional:
tom cruise e sua senhora, katie holmes, estão no brazil.
foram vistos saindo de um restaurante japonês do leblon.
restaurante japonês. do leblon. fracos.

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