The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

28 janeiro 2009

sugar mountain

então fui comprar um disco do neil young na livraria cultura. me pediram sessenta e cinco reais pelo pedaço de plástico. deixei quieto. acabei de baixar aqui, em meia hora, todas as músicas do tal disco. só ficou me faltando a capa: um envelope de papel colorido com uma photo do neil young - sem encarte, sem letras, sem texto, sem mais nadja. pela força do hábito, te digo que ainda me espanto com esses troços.
qual é mesmo a logika da indústria fonográfica?

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um exemplo para o país

"Não desejei, não quis, não queria, esperava que não chegasse a situação, mas inevitavelmente não pude deixar de atender uma solicitação do meu partido, de muitos senadores desta Casa"
josé sarney, notável homem público, mais uma vez colocando os interesses da nação à frente de suas ambições pessoais, desta feita pra se lançar à presidência do senado federal

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a praça da soberania

junte a senilidade do niemeyer
com o e$pírito público do arruda,
não pode dar certo...

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rainny day women # 12 & 35

garoa macia n´aclimação. vou até ali, supermercado dany à rua pires da mota, carregando meu guarda-chuvas no sovaco. só de onda. uma garoa fininha assim, nem faz valer a pena molhar teu guarda-chuva. como o nome já diz, o guarda-chuva pede uma chuva. te digo que acho divertido ver as senhoras e as gurias abrigadas debaixo de seus guarda-chuvas, suas sombrinhas. a baterem pernas, ligeiras, pelas calçadas rachadas d´aclimação. na permanente ilusão, geração a geração, de sair de casa sem molhar os cabelos.

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27 janeiro 2009

às vezes uso palavras repetidas

"detectado comentário repetido, parece que você já disse isso"
pronto. agora esta máquina aqui entrou numas de criticar minha coerência.

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anjos da noite

- me diz, guria, tu curtes atrações internacionais?
bob dylan, john mayall, sonny rollins, herbie hancock e medeski, martin & wood.
última parte da retrô 2008: os gringos no brazil.
hoje, às 22h, no 'anjos da noite', pela cultura fm do distrito federal. http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é mais um improviso dos jazzmen do TPB.

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26 janeiro 2009

as articulações pela paz mundial

e o obama telefonou pro lula. mas que puta constrangimento, não?
imagine o obama ter que ligar pro lula. algum assessor deve ter chegado pro obama no salão oval com um briefing sobre o brazil e um post-it com o telephone do alvorada. e a respeito do que diabos eles podem falar? hello, mister da silva. how do you do? puxa, fucks. falar sobre amazônia? a alca? o battisti? chavez? a situação palestina? falou sobre o ronalducho no korinthians?
e o lula ainda se achava muito íntimo do companheiro bush.
os assessores do lula fizeram questão de dizer que, da última vez que se falaram, bush ligou pra se despedir, nosso amável presidente convidou o genocida pra vir pescar aqui no brazil. devia ter convidado para fazer um turismo sexual no nordeste, que o bush vinha na hora.
e agora então foi o obama que ligou pro lula. dizem que convidou o lula pra "uma reunião de trabalho" nos states. diz a nota oficial:
"A reunião, que deverá ocorrer em meados de março, levará em conta temas considerados prioritários para os dois países, como as articulações pela paz mundial, as relações dos Estados Unidos com a América Latina, políticas voltadas para a África e a necessidade de se fortalecer o papel do G-20, grupo das principais nações em desenvolvimento."
lula respondeu desejando good luck ao obama e dizendo que sua eleição significou muito. gênio.

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the old people

o velho do big brother me lembra o brito

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25 janeiro 2009

o curioso caso de david fincher

oskar e tal. então fui lá ver "benjamim button" esta semana,
te digo que fiquei impressionado com o david fincher.
tu se lembra daquele audacioso cineasta de "clube da luta"?
pois é, não restou nada dele.

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lama

desaba grossa tempestade sobre a grande cidade.
parte das comemorações pelos 455 anos de são paulo.

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lokomotiv

são paulo não pode parar.
por isso o aniversário da ciudad cai num domingo.
cousa mais sem graça.

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24 janeiro 2009

frituras de sábado à tarde

li em um lugar qualquer que incenso faz mal à saúde.
a fumaça do incenso teria doses elevadas de elementos cancerígenos.
então talvez eu não devesse ter acendido este incenso de sete ervas.
afinal, a nuvem de gordura rançosa que escapa da cozinha do brito provoca apenas azia, enjôos, ânsia de vômito, alteração da capacidade intelectual e cognitiva, ocasionais desmaios e, em casos mais agudos, um coma leve.

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22 janeiro 2009

túmulo do samba

politicamente correto, geração saúde:
o rei momo de são paulo pesa 91 quilos.

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grande oportunidade

the breaking news do noticiário espiritual...
"Os fundadores da Igreja Renascer em Cristo, a bispa Sônia Hernandes e seu marido, o apóstolo Estevam Hernandes, fizeram ontem a primeira aparição aos fiéis após o desabamento do teto da sede da igreja. O casal, que cumpre prisão domiciliar nos Estados Unidos, apareceu em um telão durante um culto realizado na capital paulista. Dirigindo-se aos fiéis, o apóstolo Hernandes pediu uma doação especial dos fiéis para a reconstrução do templo desabado."
cá entre nós...
esses caras são mesmo profissionais, não é verdade?
"Também a casa de Jó caiu com seus filhos dentro. Mas o sofrimento e a dor me glorificam."

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20 janeiro 2009

a change is gonna come (or not)

em washington dc, um criminoso de guerra sai fugido pela porta dos fundos enquanto os estados unidos empossam barack obama, seu primeiro presidente negro.
já em brasília df...
"Garibaldi diz que vai desistir de reeleição no Senado após entrada de Sarney na disputa"

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anjos da noite

- me diz, guria, do you dig jazz music?
carla bley, gonzalo rubalcaba, roy hargrove & outros bakanas.
retrô 2008: jazz.
hoje, às 22h, no 'anjos da noite', pela cultura fm do distrito federal. http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é mais um improviso dos jazzmen do TPB.

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a vingança divina

"não sabemos o motivo. mas deve haver um propósito para tal sofrimento."
bispos estevam e sonia hernandes, em nota oficial

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18 janeiro 2009

noite de sábado, manhã de domingo

domingão de sol. resolvo descer a pires da mota até o largo nossa senhora da conceição, para comprar o almoço de domingo no supermercado ricoy. mais barato que os congêneres mais próximos aqui da abastada rua loureiro da cruz.
um bife de alcatra, um pacote de linguiça fininha sadia (sem trema, por obséquio) e um saquinho de jujubas gomets.
à medida que tu desces a pires da mota vindo d´aclimação, os muros ficam mais e mais pichados a cada quarteirão. as peles mais pardas. os cabelos mais crespos. o largo nossa senhora da conceição, conferi no mapa para ti, fica no bairro do cambuci. o bairro operário do cambuci.
adentro o supermercado ricoy, com seu jeitão profissa de carrefour da perifa, e presto atenção numa dodis, logo na entrada, que está a puxar papo com um taxista de peito nu.
- que ambulância era aquela ali?
- morreu um caboclo na pensão.
- conhecido ele?
- não. era da pensão.
- morreu de quê? cachaça, foi?
- sei não. já tinham levado quando cheguei.
atravesso a seção de frios e laticínios, passo pelas gôndolas de verduras e legumes. escolho o corte de alcatra menos arroxeado entre as bandejas à exposição. data de ontem. pensando como seria tré cool morrer de tanta cachaça numa pensão do largo nossa senhora da conceição.

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17 janeiro 2009

vulgar

- guria... com licença... deixa esse pessoal aí de lado... e vem falar de poesia comigo.
- tá, e o que você tem de bom para me oferecer?
- a vertigem do risco.
- não estou a fim de correr esse tipo de risco seja mais verdadeiro.
- pense de novo no que acabas de me dizer. não faz sentido.
- qual o problema no que eu disse?
- não há lógica.
- como assim não há lógica?
- correr riscos, pequena, não é algo que se aceite ou se deixe de aceitar.
- está bem. vamos conversar...
- acha vulgar, guria? me diz... acha vulgar?
- como assim vulgar? agora é você que não fala coisa com coisa.
- acha vulgar encontrar alguém como eu e falar de sua vida mais íntima?
- não é vulgar. é conhecimento.
- me diz... tu é casada? falando assim tu me parece uma mulher casada.
- sou solteira.
- solteira mesmo?
- bem solteira.
- e tu namora?
- não. se eu fosse católica, acho que seria freira.
- tu curtes um final de semana inteiro sem sair de casa?
- sim. hoje mesmo mal saí de casa.
- como assim?
- não costumo sair muito.
- eu me refiro a ficar em casa o final de semana inteiro namorando.
- ah. bem...
- curtes?
- como ainda moro com meus pais, acho que não gostaria de ficar em casa assim.
- mas e na casa do camarada? ficaria?
- bem...
- seria essa sua idéia de diversão?
- não.
- acha vulgar?
- bem, depende...
- gosto de ficar em casa e me dedicar à arte do amor.
- entendi.
- essa é a minha idéia de diversão. tu achas vulgar?
- não.
- então curtes o amor no claustro?
- olha... posso te fazer uma pergunta?
- claro...
- você não vai achar ruim.
- claro que não...
- é uma crítica construtiva, tá?
- então fale, por favor...
- por que tudo você pergunta se parece vulgar?
- entendo.
- por quê?
- tenho esse receio.
- qual?
- o receio de soar vulgar pra ti. de parecer simplesmente vulgar a teus olhos.
- você tem que ser quem você é... pra gente se conhecer...
- verdade. sei que as pessoas estão sempre a julgar uma as outras.
- você tem que ser correto.
- te digo que eu me revelo na verdade absoluta.
- você tem que ser honesto. não mostre o que você não é, por que aí é ruim.
- ruim mesmo.
- você não estará sendo verdadeiro com você mesmo.
- por isso logo abordei você a falar de sexo.
- eu? falando de sexo?
- fiz questão de falar logo de sexo.
- eu não faço isso! aonde e com que eu falava isso?
- eu falava. eu te disse que eu te abordei falando de sexo.
- essa agora eu não entendi.
- eu.
- eu nunca falaria isso.
- eu! eu te disse que eu puxei papo contigo sobre sexo. eu!
- eu não falo sobre isso com qualquer um...
- quem falou fui eu. não disse em momento algum que você tenha falado coisa alguma sobre esse tema. quem falou fui eu. quem levantou o tema fui eu. quem provocou fui eu.
- isso é muito íntimo.
- eu sei.
- você também não me falou sobre isso...
- falei sobre passar o final de semana em casa namorando, lembra? perguntei se tu achava divertido, te disse que era essa minha idéia de diversão, acho até que deixei bem claro... tanto que tu disse que morava com os pais, etc.
- tá bom.
- era sobre sexo que eu estava a falar quando comentei sobre namorar e depois usei a expressão “a arte do amor”. percebe?
- então tá.
- era sobre trepar.
- certo... achei legal brigar um pouquinho com você.
- agora que deixei claro ter falado de sexo naquele momento que falei do final de semana a dois... tu achou vulgar?
- não. depende do casal.
- quero conhecer uma mulher que goste de sexo tanto quanto eu.
- pronto. o papo estava muito interessante até aqui.
- tornou-se vulgar?
- já entendi o que você está procurando.
- sexo. adoro sexo. sim. e tu?
- eu não sou a pessoa para você.
- não curtes o troço?
- isso é vulgar.
- sexo é vulgar?
- a maneira que você está falando. isso é muito vulgar. “troço”. credo.
- eu estou perguntando qual a importância do sexo pra ti... acha mesmo vulgar?
- sexo não é vulgar. a maneira com que você expôs isso é vulgar. entendeu?
- entendo. acha que sou vulgar.
- agora eu acho.
- pra tu ver que eu tava sacando isso desde o começo.
- então tá.
- te conheço melhor do que tu mesma.
- foi legal o papo no começo, mas agora não está me interessando mais.
- claro que não. tu achas vulgar.
- você não me conhece, não.
- já te conheço de cor e salteado, pequena.
- se me conhecesse não falaria isso.
- te conheço de cabo a rabo. não há um milímetro em ti que me surpreenda.
- será mesmo?
- conheço cada pentelho teu.
- você está blefando.
- nem um suspiro de surpresa.
- e eu não te conheço e nem quero conhecê-lo.
- claro que tu não quer. tu acha que sou vulgar. é confortável pra ti pensar assim.
- eu achava que era diferente...
- diferente e vulgar.
- mas vi que é o mesmo que os outros todos.
- a mesma vulgaridade.
- nosso papo estava bom, até brigamos, e você então estragou tudo.
- estraguei por ser vulgar, tu dizes. mas eu te digo: estraguei por ter sido sincero e franco e honesto contigo a cada segundo. violentamente honesto. como você mesma chegou a me pedir, me pediu e eu já estava sendo assim antes mesmo que tu tivesse me pedido qualquer coisa. eu sou assim naturalmente. o tempo inteiro assim.
- te disse que não falo de minha intimidade.
- eu só sei falar de minha intimidade. se eu não falasse de minha intimidade, falaria do quê?
- vulgar...
- sobre o que mais poderia te falar?
- quem sabe outra noite a gente se encontra...
- tu não vai querer me encontrar. sou vulgar.
- quem sabe me esqueça de você e depois de te esquecer a gente se encontre em outro bar. quem sabe então...
- tu não ia querer saber de mim, ia me achar vulgar só de me olhar.
- quem sabe de dia, numa rua do centro.
- tu mudaria de calçada se me visse na rua. me acharia vulgar já de longe à luz do dia.
- para de dizer isso.
- vou embora.
- não vai nem se despedir?

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i don´t want your letters no more

"when you asked me
how was i doing
was that some kind of joke?"
(roberto zimmerman)

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16 janeiro 2009

the grateful dead

estou vendo big brother aqui agora no multishow.
te digo, realmente é impossível não curtir big brother.
esta noite, os caras deram uma festa de temática hippie. então os playboys e as patrícias apareceram vestindo batik e bebendo cerveja. logos de paz e amor, bicho, pendurados na parede.
e o som que rola na festa para eles dançarem?
remix de lulu santos.

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o dedo de deus

fico puto quando dizem que o resultado do acidente do airbus de nova york foi um milagre. (ninguém morreu, exceto o suposto ganso que entrou na turbina.)
milagre de quem? de deus? do espírito santo? de alah? do obama?
digam isso ao piloto.
milagre my ass.

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15 janeiro 2009

rolê pelo tietê

esse piloto do airbus de nova york já pode trabalhar aqui em congonhas

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sobre a relatividade do tempo

os anos se acumulam e se confudem. já perdi as contas.
custo para decidir quando me mudei para são paulo. foi 2005 ou foi 2006? lembro que foi no ano em que o corinthians contratou carlos tévez e acabou campeão brasileiro.
então tenho que fazer as contas na cabeça: como o são paulo venceu as últimas três temporadas, o corinthians trouxe o tévez em 2005. pois então me mudei para são paulo em fevereiro de 2005. te digo que me lembro de ver a coletiva de imprensa apresentando tévez na tevê fubanga pendurada na parede do quarto do hotel castro alves. e eu não sou corinthiano, não. eca.
mesmo o mundo pop, que tanto estimo, está sendo tragado lenta, gradualmente pela zona cinzenta de minha massa cinzenta.
aquela zona enevoada e canábica onde a sensação de tempo se esgota e todos os fatos que lembramos - parcamente lembramos - se passam num mesmo continuum de tempo. just like eternity. talvez.
aquele show dos stooges? com the flaming lips antes e o sonic youth depois. quando mesmo? acho que foi em 2005. acho. sei que já morava em são paulo e garcia e dandan estavam na cidade. fomos de carona com john pothead. ou não?
e quando o elvis costello tocou no rio de janeiro? acho que foi no ano seguinte, 2007, quer dizer, 2006. mas isso porque é mais recente. então fica fácil lembrar. com certeza. agora...
o belle and sebastian veio em que ano? vi o show aqui em são paulo, com o mendes junior, mas eu não morava em são paulo ainda. então deve ter sido 2001, 2002, 2003. vá saber. 2004?
e quando foi mesmo que me demiti do jornal pela terceira vez?
quando "as incríveis bolinhas" passou na mostra 16mm do festival?
e aquele carnaval em recife? e o réveillon na bahia? quando foi?
quando morreu meu tio valter?
quando fui pro beirute da asa sul pela última vez?
quando mesmo deixei de ser amigo do ivan?
quando encontrei o murilo por acaso no meio da rua?
quando viajei para o chile?
quando foi mesmo a última vez que vi aquela guria?
quando eu fiquei de ligar pra ti? já nem sei mais.

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manuscrito encontrado na rua

gados e o livro queimado.
3. pula no cipó e dança e matam a onça.
4. melhor jogador de basquete além da morte.
5. melhor boxiadora.
6. pai e filho carate (japonês)
7. escreve carta p/ os pais e assiste jogos da copa do mundo.
8. cópia do seres humanos (máquina.)
9. máquina de fazer os estudantes pequenos.

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the poetry as a self eroticism

- me diz, guria, tu curtes poesia?
- eu amo poesia!!
- que bacana. posso te fazer uma pergunta extremamente indiscreta?
- depende...
- uma pergunta extremamente pessoal. mas sincera.
- bem...
- porque tu me deixastes curioso aqui agora.
- o que você quer saber?
- me diz, guria, tu escreves poesia?
- ah. isso?...
- isto.
- eu gosto mesmo é de ler. mas, às vezes, escrevo.
- e que poemas tu escreves?
- escrevo muita poesia de amor.
- tu dizes, poesias eróticas?
- não... nunca escrevi nada assim.
- achas vulgar?
- tem gosto pra tudo.
- achas vulgar, né?
- fico sem jeito mesmo.
- sem jeito de escreveres as fantasias em papel?
- isso. sem jeito. guardo essas ideias pra mim.
- mas, quando tu escreves, tu escreves sozinha em casa?
- sim. escrevo de noite, quando fico mais relaxada, depois do banho, antes de dormir.
- então escreves quando estás cheirosinha do banho e ainda com os cabelos úmidos?
- sim. adoro esse momento. é quando escrevo.
- me diz, guria, tu ficas nua para que melhor seja a tua poesia?

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14 janeiro 2009

big brother

"Poesia não dá camisa.
Mas quando o poeta tem uma musa,
não precisa de blusa,
vive de brisa."
(pedro bial)

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13 janeiro 2009

anjos da noite

- me diz, guria, have you got soul?
o rei solomon burke, o reverendo al green e jovens discípulos.
retrô 2008: soul music.
hoje, às 22h, no 'anjos da noite', pela cultura fm do distrito federal. http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é mais um improviso dos soulmen do TPB.

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a alegria de volta ao the double tree park

para a satisfação dos leitores do tpb...
brito voltou!
pude perceber isso agorinha há pouco, abrindo a porta do elevador aqui no décimo-sexto andar, já pude sentir o átrio ocupado pela nuvem gordurosa de fritura rançosa.
inconfundível: era o delicioso almoço do brito.
uma delicada dieta de verão para the old couple.

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misericórdia

calor dos diabos. fui ali na padaria e quase tive um troço no meio da rua. o termômetro em meu avarandado beat marca trinta e poucos graus, não sem certa ironia. a sensação térmica, para muito além da camada de mercúrio, seria equivalente a estar sentado numa frigideira.
ovos estrelados. ou, como diz a maria rosa, misericórdia.
eu, de minha parte, aguardo com ansiedade o iminente derretimento das calotas polares. quem sabe a aclimação fica inundada de água gelada.

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12 janeiro 2009

blecaute suburbano

logo ali adiante, no supermercado dany, tem uma guria muito charmosa. aquela guria que ocupa a caixa número dois entre oito da manhã e duas da tarde. as funcionárias do dany usam um terninho azul e uma blusinha xadrez coloridinha, tipo uniforme, tosco. para evitar os decotes de verão. mas elas não usam crachá no peito, e essa deve ser uma norma da casa para que bebuns e maloqueiros d´aclimação (público-alvo do mercado) não se engracem em demaisia para cima das moças trabalhadeiras.
te digo que a guria do caixa número dois prescinde de crachá. tem brilho próprio. charme, sensualidade. fineza.
sempre passo minhas compras no caixa dela. ela sorri e dá bom dia. vinte e poucos anos. mignon, cabelo diligentemente preso num coque. pouca maquiagem, esmalte vermelho nos dedos ágeis. mãos pequenas, a cintura fina, o peitinho pequeno, um par de covinhas na face. tua pele morena, um olhar penetrante.
eu sorrio e improviso o cumprimento. como estás?, devolvo, com elegância. ela sorri de volta. pergunta se eu gostaria de receber uma nota fiscal paulista pelas compras. não, não precisa, repito a negativa a cada vez - e a cada vez me arrependo por perder a chance de dar a ela meu cpf (onze números) e assim encompridar nosso diálogo por um momento que seja.
porque como eu digo que não preciso de nota fiscal, não passo o cpf e ela então desfaz o sorriso, baixa os olhos e começa a passar as compras, uma a uma, pelo leitor automático de códigos de barra. a máquina empresta frieza e profissionalismo ao contato. rapidinho, ela já passou tudo e, ligeira e competente como a tal máquina, a guria me canta o valor da féria do dia. vinte e três reais e cinquenta e sete centavos.
passo as mãos pelos vários bolsos da bermuda. atrás de minha carteira. começo a suar frio nessa hora. quando, enfim, alcanço a carteira, a guria já está com o olhar perdido num ponto vazio. eu conto as notas em minhas mãos trêmulas, está próxima a despedida, eu sei, e passo as notas para a moça.
tem sessenta centavos?, ela pergunta, graciosa, será que teria segundas intenções nessa prosaica pergunta? gostaria de saber interpretar melhor as mulheres. como charlie harper. nunca soube. deve ter uma segunda intenção nessa interrogação, deve ser uma ponte para eu dizer alguma coisa, improvisar, quem sabe arriscar e convidá-la no mais para um chope ali no nova era logo mais à tardinha. what would charlie harper do?
eu apenas sorrio amarelo, apenas sorrio sem graça, envergonhado pela oportunidade perdida, e digo a ela, gagaguejante, que eu não uso cacarregar monedas na bebermuda. que elas me pesam o caminhar.
me distraem com seu tilintar. desculpe o mal jeito, guria.
uma garota morena, suburbana de gestos elegantes e graça natural, herdeira da nobreza proletária de alguma vila longínqua da zona leste, zona norte, zona sul. ela abre o caixa num clingue, contas as moedas do troco, me entrega um par de notas amassadas e uns cobres fajutos que tilintarão nos vários bolsos da bermuda. brigado, ainda me lembro de dizer. brigada você, ela sempre completa, nunca se esquece, num brilho de olho que talvez espere - a cada dia - eu devolver a ela uma poesia feeérica e luminosa como inesperado e romântico resultante de nossa transação tão banal.
o empacotador, sujeito sem poesia, ex-interno da febem, da fundação casa, a esta hora, já está a me alcançar o resultado de minha compra. são as mercadorias embaladas em sacos plásticos antiecológicos. eu agradeço a ele pela presteza do serviço. não ouço a resposta que me chega em outra língua qualquer. atravesso a josé getúlio e vou tomar um cafezinho na padaria madame.

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operação bertioga

brito não é o único que curte o verão longe da grande cidade.
janeiro n´aclimação é assim: o rod luz fica fechado por semanas.
os camaradas fecham a churrascaria na época do natal e só voltam no final de janeiro. são as férias coletivas. saem todos juntos. o assador, os três garçons, o moleque do balcão, os caras da cozinha (que nunca os vemos, mas os imaginamos, que devem ser uns dois ou três) e o sujeito do caixa, que é o patrão, o chefão da bagaça. ele é quem baixa as portas, passa a tranca e deixa o cartaz na parede: voltamos dia 21 de janeiro.
ate lá, vou matando uma maminha na grelha, detonando um miojo expresso, agitando uma telepizza. ou então, quando resolvo me aventurar no fogão, rola um yakisoba avant-garde, um risoto hardcore ou mesmo um simples macarrão grindcore.
mas hoje é dia de cachorro quente.

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benvindo (!?) ao mundo real

amazonino mendes, o estadista amazônico, nos jornais de hoje:
"pagar as contas é o primeiro desafio da cidade de manaus"

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10 janeiro 2009

holiday in cambodja

saudades do velho brito!
eu cheguei de viagem na última terça-feira. desde então, tem me incomodado a ausência do casal brito, meus queridos vizinhos de porta aqui do 1605. assim que retornei ao the double tree park, notei a ausência dos britos. as horas se passavam e nada de o brito fazer barulho no corredor. nada de o brito falar alto com a patroa. nada de o brito bater as portas. nada de o brito pigarrear. nada de o brito tossir feito cachorro molhado à espera do elevador. quis pensar que fosse apenas um desleixo do velho brito: uma tarde inteira em silêncio, mui discretamente.
mas os dias se passavam. e nada. chegava a hora do almoço e nada de aquele cheirinho rançoso de fritura a se espalhar por todos os apartamentos da prumada. nada daquele cheirinho de cigarro, tão britoniano, tomando conta do décimo-sexto andar. te digo que cheguei mesmo a tomar o elevador seguidas vezes só para tentar, inutilmente, que minhas narinas farejassem aquele odor peculiar que se sente quando se toma o elevador logo depois do brito.
desci até o subsolo. fui bater papo com o garagista. subi para o térreo. dei um tempo na portaria. até mesmo me espalhei pelas aprazíveis e confortáveis poltronas de couro aqui no átrio do double tree. esperando que, a qualquer momento, surgisse a amarelada silhueta do velho brito. cheguei a descer o prédio inteiro pelas escadas de incêndio, passando pelas lixeiras de cada andar. nada. nada de encontrar o velho brito.
ah, caramba... não é que o casal brito tinha viajado novamente?
os britos viajam em janeiro.
acho incrível que os britos viajem a cada verão. cause people believe that they gonna get away for the summer. e os britos realmente get away for the summer. acho que isso diz muito sobre a condição dos aposentados no brazil, que não vai tão mal assim. até rende uma pauta pro jornal hoje. o brito seria o personagem.
o problema é que eu fico aqui pensando...
onde diabos estariam os britos? para onde os britos viajam?
tento imaginar o brito cruzando a pont des arts sobre o sena, com uma baguete no sovaco, fumando um gitanes sem ser incomodado. o brito descendo pelas ramblas de barcelona, qual javier bardem. o brito andando pela calle florida, desviando dos malandros do submundo de buenos aires. tento imaginar o brito, metido em seu pijama bege, pagando um cooper pelo central park de nova york. o brito tomando uma guiness num pub de londres. nã. não adianta. não dá pra imaginar.
o casal brito passando uma idílica semana num hotel-fazenda de atibaia.
o brito praticando slalon em brotas. o casal brito tomando uma xícara de chocolate quente numa estação de esqui nos alpes suíços. o brito com seu velho calção de banho, um dia pra vadiar, um mar que não tem tamanho, um arco-íris no ar, o brito falando de amor em itapuã. nã.
o casal brito, de sunga e maiô, pegando uma praia no sesc de bertioga. nã. não consigo imaginar.
onde andará o brito? será que foi para disney? será que é amigo do pluto?

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08 janeiro 2009

pinter não morreu

manhã de quinta. estou a pendurar roupas no varal. toca o telefone.
- sim?
- bom dia...
- sim?
- olá. bom dia... com quem estou falando?
- com quem a senhora gostaria de falar?
- o senhor bernardo, por favor?
- sim?
- é ele?
- sim?
- senhor bernardo, bom dia. aqui é elisete da central de relacionamentos net...
- sim?
- gostaria de saber se o senhor possui internet banda larga e tevê por assinatura.
- como assim?
- gostaria de saber se o senhor possui internet banda larga e tevê por assinatura.
- não entendo. essa é uma pergunta?
- sim. o senhor possui?
- bueno. você não é da central de relacionamento da net? você é que deveria saber disso, não?
- ah. o senhor já é cliente net?
- não sei... sou?
- um minuto. me deixe verificar o sistema.
- claro. fique à vontade.
desligo o telefone. volto ao varal. continuo a pendurar as roupas.

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07 janeiro 2009

estorvo da reforma ortographyka

alarmado,
o doutor não sentiu
a veia da veia

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06 janeiro 2009

grande ron asheton

"I'm a street walking cheetah with a heart full of napalm
I'm a runaway son of the nuclear A-bomb
I am a world's forgotten boy
The one who searches and destroys
Honey gotta help me please
Somebody gotta save my soul
Baby detonate for me
Look out honey, 'cause I'm using technology
Ain't got time to make no apology
Soul radiation in the dead of night
Love in the middle of a fire fight
Honey gotta strike me blind
Somebody gotta save my soul
Baby penetrate my mind
And I'm the world's forgotten boy
The one who's searchin', searchin' to destroy
And honey I'm the world's forgotten boy
The one who's searchin', searchin' to destroy"
(the stooges)

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anjos da noite

- me diz, guria, have you got the blues?
stones e buddy guy, bb king e mais.
retrô 2008: blues.
hoje, às 22h, no 'anjos da noite', pela cultura fm do distrito federal. http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é mais um improviso dos blueseiros do TPB.

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a sort of homecoming

algumas pessoas criam cães dentro de casa.
acho cretino, mas creio que entendo o mecanismo.
quando tu chegas em casa, depois de um dia de m*rda no trabalho ou depois de uma viagem de semanas, é sempre recebido com latidos e lambidas e festinhas.
quando eu, que não tenho cachorro, nem peixinho de aquário, chego em casa depois de longa ausência sou recebido na sala pelas contas que foram sorrateiramente enfiadas por debaixo da porta. prestes a vencer.

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one more for the road

a mochila está pronta e encostada. desde ontem. e agora me deram dez minutos para ir ao banheiro. quer ir ao banheiro, não? dez minutos para recolher meus itens pessoais que queira carregar comigo. pegou a careteira? perco esses minutos preciosos através da janela. as janelas abertas, manhã de sol, quente pra caray, teus aviões a cruzarem os céus do planalto. um depois do outro depois do outro num incessante desfilar aéreo-metálico. foram seis. só dos que contei aqui agora. antes que viessem me mostrar o convite a uma nova aplicação financeira que me foi feito, pelo correio, por zelosa instituição bancária. chegou há três semanas. dez minutos para sair para o aeroporto. mais um avião baixando agora. janeiro. quatro minutos.

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05 janeiro 2009

da arte de ir ao cavalheiros

o simples ato de c*gar torna-se ainda mais agradável graças à esta nova tampa da privada. te digo que estava mesmo evitando dar aquela necessária passada pelo reservado por conta do estado precário da antiga tampa. que era um troço de plástico, já meio guenzo depois de anos e anos de uso, e começava a escapar de sua base, ficava meio que dançando sobre a superfície lisa da louça do celite, de maneira que às vezes me beliscava o traseiro ali sentado. a troca dessa tampa antiga por uma novinha, amadeirada e elegante, restituiu ao ato solitário toda sua força, sua beleza e, como não?, sua inabarcável singularidade.
sempre gostei muito de ficar no banheiro. aqui em brazilya, guardo no closet beat contíguo à minha instalação sanitária particular uma baita pilha de revistas bizz (1987-2001) e muitos gibis (chiclete com banana e casseta popular) que sempre me acompanham por aquelas bandas. passando por ali no inevitável rumo da patente, lanço mão da pilha de revistas e meio aleatoriamente escolho a companhia, a minha leitura, para os próximos minutos.
gosto especialmente de me demorar no banheiro quando está chovendo. (chove ahora no planalto central do brazil.)
gosto de ouvir, especialmente quando lá sentado, os pingos de chuva sobre o telhado, sobre as clarabóias da casa. então sou capaz de fazer como o wood e o stock, os velhos hippies do angeli, e ficar lá sentadão por horas... mesmo sem ter um baseado de orégano pra acender.

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04 janeiro 2009

o velho caubói

bom saber que sam shepard, aos 65 anos, continua um fora-da-lei.
the very breaking news do noticiário policial estadunidense:
"Sam Shepard foi detido em Illinois, nos Estados Unidos, após dirigir a uma velocidade de 74km/h em uma via onde o máximo permitido é 48Km/h. Quando foi abordado pelos policiais, o ator ainda deu sinais de embriaguez. No comando de um Chevy Blazer, ele subiu no meio-fio e foi parado pela polícia."
(cá entre nós: 74 quilômetros horários é o que eu ponho aqui, macio, na pista interna da ql 16 do lago sul)

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03 janeiro 2009

doce morrer no mar

e o magnata alemão que morreu no colo da fernanda lima?
te digo que eu nem tenho vontade de ser magnata alemão na vida, mas morrer no colo da fernanda lima...

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top of the pops

"nyc man", lou reed
"friction", television
"i can´t hardly stand it", the cramps
"dirt", the stooges
"sister anne", mc5

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02 janeiro 2009

ideia de jerico

me foge a lógica disto...
quer dizer que basta o presidente da republika, que não acerta uma concordância sequer, dar sua assinatura num pedaço de papel e, pronto, todo mundo tem que escrever ideia em vez de idéia?

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01 janeiro 2009

dia internacional da paz & amor, bitcho!

hoje é primeiro de janeiro.
hoje é feriado mundial.
até os judeus prometeram pegar leve, por hoje.
porque é aniversário de the mister potman, the very smoked one.
há tempos não o vejo.
então aqui deixo as estimas e as considerações.

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chaos aéreo

a gol mandou dizer que não vai mais atrasar nenhum vôo.

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the times they´re a-changin´

os anos passam e a gente se perde.
o bob dylan veio ao brazil em março, não foi?
então... tu sabes como é o jornalismo de final de ano.
te digo que li as retrospectivas de artes & entretenimento de todos esses jornais, tu sabes quais. todos os que importam. e nenhum dos jornais, nenhum deles, ao falar dos shows conseguiu se lembrar de que bob dylan veio ao brazil em março. nenhum.
todos lembraram da madonna em dezembro.

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a revista da gatinha

hey, guria, tu leu a capricho deste mês?
eu não li. ainda. só li a chamada na internet:
"carolina dieckmann fala sobre sua primeira vez com um homem"
bakana.
mas queria mesmo que ela falasse da primeira vez com uma guria.

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