The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

31 maio 2008

(what´s the story) morning glory?

passei a noite ouvindo oasis. passei a noite ouvindo o segundo disco do oasis, estirado em meu colchão beat e vendo o teto branco over my head. te digo que eu gosto como o oasis me soa familiar hoje em dia, tantos anos depois. comentei sobre isso ontem de manhã com john pothead, sobre o quanto oasis era a trilha sonora de uma época bacana de minha vida, nossas vidas. sendo saudosista agora. ha. me lembro de cantar wonderwall e don´t look back in anger com o andré de garcia, tarde da noite, de madrugada, no beirute, com as cadeiras empilhadas e o arleudo expulsando gentilmente nossas almas bebuns e desafinadas em direção às mangueiras da 109 sul. oasis é tão 1995. que eu me sinto à vontade. como se reencontrasse velhos chapas a cada música. deve ser isso que meu tio cabeludo trafica maconheiro sentia quando me falava de led zeppelin abobalhado e entusiasmado em antigos almoços familiares da 302 sul. ha. porque eu era moleque e burro e cheio de tesão, tinha o emprego que quis ter durante toda minha adolescência e ainda tinha as manhas de regar meu fígado com doses diárias de cerveja gelada. hoje essa dieta me embrulha o estômago. hoje aquele meu antigo emprego me embrulharia o estômago. ficando velho e chato ev´ry day now. mas hoje consigo entender as letras e as mensagens junkies que o gallagher traficava em suas canções que me deixavam a boiar. all your dreams are made when you're chained to mirror with razor blade, today´s the day the world will see... bueno, e eu vou lá, fazer compra na feira da loureiro da cruz, manhã de sábado. ouvindo oasis no ipobre. another sunny afternoon, walking to the sound of your favourite tune, tomorrow never knows what it doesn´t know too soon...

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30 maio 2008

a paz

pronto. já fiz tudo o que tinha pra fazer.
bati aqui nas coxas, no meu comput beat, uma resenha cascateira e a despachei ligeiro por mail. escrevi, cortei um parágrafo e mandei embora. não gosto de reler o que acabei de escrever. me dá sono.
e agora estou de boa. livre para curtir a chuva, para sair por aí nesta sexta-feira cinzenta úmida chuventa paulistana. pronto para ficar em casa, oh, sim, como não?, que bom.
sempre me lembro do pato fu nestes momentos.
fernanda takai: o mundo poderia acabar, já, agora, nesse momento, porque só eu estou sabendo e eu já fiz tudo que eu tinha pra fazer hoji.

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29 maio 2008

probo e ilibado

a polícia federal está atrás do anthony garotinho...
impressionante como não se pode confiar em mais nenhum político deste país.

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28 maio 2008

"Sou contra subir na vida"

O TPB comemora 1000 posts, mais de três anos no ar e meia dúzia de brilhantes leitores. Na data histórica, faz-se necessário um post do Marcondes, este camarada que anda ausente depois de ter se vendido aos interesses übercorporativos. Marcondes anda mui preocupado. Entrou uma grana na sua conta e sinais de ascensão social começam a incomodá-lo. O lendário beatnik comprou um computador novo (na verdade é usado, mas é melhor que o anterior). Também vai assinar uma TV a cabo, depois de anos curtindo TV Fama, seu programa predileto. O camarada TPBista é muito reticente quanto a se entregar a esta vida de consumismo desvairado. “Sou contra subir na vida”, afirmou ele, a este blog. “Meu ideal é ficar cada vez mais pobre, meu sonho é morar numa pensão tosca”, completou. Mas, ultimamente, até por pressão de seu colega Berna Beat, o Marcondes anda cogitando uma nova aquisição: sim, um sofá. Símbolo que sempre considerou de aburguesamento abjeto. “Sofás são para preguiçosos”, vaticinou certa vez. Talvez os dias do corcovento camelo estejam chegando ao fim. Um americanflex ondulado, duro e puído, que desestimula relações sociais de seu dono e faz sofrer seus convivas, como o supracitado TPBista B.Beat. Marcondes teme pela pureza de sua alma, prestes a ser corrompida por sofás, computadores, canais a cabo e outros mimos inúteis.

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27 maio 2008

romário

pois este é o post de número mil (1.000) nesta segunda casa do audacioso blog beat tpb.
pra quem perdeu os posts toscos de priscas eras, ou pra quem deles se lembra mui vagamente, o endereço antigo ainda está perambulando pelo chaos cibernético:
http://thepotheadblues.blig.ig.com.br/
estimas e considerações a todos os usuários do tpb...
the pothead blues:
servindo bem, pra servir sempre
(desde fev'05)

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cansei de ser sexy

já tem nome - e sigla - o tributo inventado para substituir a cpmf
é a simpática contribuição social da saúde, o css.
(devem ser os tradicionais 0,1 % sobre transações financeiras, tu me dizes, mas te digo que é sempre bom saber que podemos contar com a saúde pública quando precisarmos.)

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a serração d´aclimação

outono em são paulo. nessa época do ano, o ar seco do sudeste se mistura com a ordinária fuligem paulistana, aumentando e engrossando - num processo mui desabonador de inversão térmica n´atmosfera - uma espécie de contínuo fog londrino all over são paulo. tal qual a serração da serra de petrópolis, o amanhecer nas cidades históricas de minas.
já são passadas as dez horas da manhã n´aclimação.
a serração permance, alguns passos além de minha varanda beatnik.
apenas vislumbro a silhueta dos prédios do ipiranga, do glicério.
a pontinha do prédio banespa, com sua tremulante bandeira alvinegra, se perde ali adiante no cartão postal urbano de nossa destruição.

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the double life of the mendigs

alguma cousa acontece no meu coração quando cruzo a pires da mota com a josé getúlio...
hoje de manhã, por exemplo, me bateu na fuça um cheirinho azedo de bosta dormida ali na famosa esquina d´aclimação. apertei o passo, fiz que não senti, e fui lá ao mercado dany resolver minhas pendências matinais.
na volta, passando pela mesma esquina, o simpático rapaz da farmácia tinha se afastado de seu abrigo costumeiro, de trás do balcão, e estava a enxotar um mendigo. despejava baldes de água na calçada para tirar de lá o desocupado. foi então que o cheiro de bosta aumentou e impregnou o ar a nossa volta. o mendigo tinha se melado todo de cocô. ele ajeitou as calças fétidas em torno da cintura e saiu arfante num trôpego sacolejar de bebum. deixando para trás, como lembrança, um arredondado e esverdado tolete em meio à calçada molhada.
o camarada da farmácia, ainda com dois baldes nas mãos, achou que era o momento de tirar uma com a cara do mendigs...
"mas que bela cagada tu fez, hein?"
soltou essa e olhou pra mim, esperando que algo em meu semblante parvo aprovasse o duplo sentido de sua frase tão bem manejada. pois é, meu senhor, eu retorqui ao esforçado comerciante, referindo-me talvez a seu alvo jaleco de farmacêutico, pois é, se esse fosse o maior de seus problemas, ele estaria bem, e o senhor também.
disse isso e me afastei, cruzando a rua, para me refugiar no the double tree park o mais rápido possível. the double tree park, abençoado seja, onde nós, os afortunados outsiders da classe média, podemos nos cagar na privacidade de nossos lavabos, sem acordarmos em baldes de água.

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anjos da noite

lembras tu de frank sinatra?
deveria ter rolado um "anjos da noite" com sinatra na semana passada.
não rolou: problemas técnicos lá na rádio cultura fm.
mas parece que hoje, às 22h, vai rolar...
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o "anjos da noite" é uma pilantragem radiofônica dos meliantes do tpb

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26 maio 2008

the dope street

hoje de manhã, tipo nove horas, desci a loureiro da cruz até o supermercado. fazer compras e tal. como costumo fazer todas as manhãs.
(foi quando passei pelo térreo do the double tree park, claro, e me deparei com o sumido marombeiro john pothead, que estava puxando ferro n´academia de nosso residencial, mas essa é outra história.)
porque estava eu, voltando do supermercado, a subir a loureiro, quando, ali na esquina com a rua urano, senti um forte e ostensivo cheirinho de mato queimado. sim, como bom perdigueiro farejador do departamento de narcóticos, percebi de imediato que não era cheiro de cigarro de palha, não, nem de charuto cubano. era cheiro de cigarro de índio. mui diligente e curioso, segurei meus passos e estanquei. fiquei ali. de pé na esquina. cafungando a marola para sentir de que lado aquele vento estava soprando. olhei ao meu redor. o perfume cannábico se fazia presente e intenso e duradouro. mas todas as três janelas do sobradinho do outro lado da rua estavam fechadas. do lado de cá, atrás do muro verde do complexo habitacional, também nenhum sinal de fumaça.
segui em frente, por mais alguns metros, até flagrar sem querer dois motoboys debaixo de uma árvore da loureiro. um dos rapazes, sem jeito, escondeu a mão direita atrás das pernas. o outro, numa bandeira, deu um passo hesitante na direção do amigo e me balbuciou um '"bbbom dddia" entredentes num sorriso mais amarelo que a ponta de seus dedos...
absurdo. não se pode mais andar na própria rua, em plena luz do dia, sem encontrar esse tipo de gente à solta.

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keef, the human riff

tudo o que você sempre quis saber sobre keith richards mas...
http://www.blender.com/33ThingsYouNeedToKnowAboutKeithRichards/articles/23641.aspx
(mais um serviço tpb)

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25 maio 2008

buquê de presságios

"De tudo, talvez, permaneça
o que significa. O que
não interessa. De tudo, quem sabe,
fique aquilo que passa. Um gerânio
de aflição. Um gosto
de obturação na boca.
Você de cabelo molhado
saindo do banho.
Uma piada. Um provérbio.
Um buquê de presságios.
Sons de gotas na torneira da pia.
Tranqueiras líricas
na velha caixa de sapato.
De tudo, talvez, restem
bêbadas anotações no guardanapo.
E aquela música linda
que nunca toca no rádio."
(marcelo montenegro)

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24 maio 2008

the ground beneath her feet

uma breaking news das agências internacionais neste sabadão:
"Milla Jovovich vai à première de seu novo filme em Cannes"
- pôrra... e eu aqui no the double tree...

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23 maio 2008

ce mortel ennui

corpus christi sucks.
eu me lembro que eu gostava de feriadão. fazia planos para o feriadão. quando eu trabalhava. agora que sou vagabundo, o feriadão has lost its point. se tu me entendes... então fico aqui em casa, na varanda beat a doirar sob o solaço da metrópole invernal. cultivando o tédio, the very boredom, l´ennui... feriados me dão no saco.
em feriados como este, sempre me lembro de um primo meu... de 14 anos... que perdeu a virgindade num feriadão lá de goiânia... onde a gurizada acaba trepando por puro tédio de janeiro... ele contava ter passado quatro dias fazendo sexo com uma mulher de 29 anos.
te digo que nem sei se é verdade. mesmo sendo mentira, o cara virou herói da turma naquela época.

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20 maio 2008

whatever gets you thru the night

"sou a favor de tudo que ajuda a atravessar a noite - seja uma oração, tranqüilizantes ou uma garrafa de jack daniels."
(francis albert sinatra)

"só se vive uma vez e, do jeito que eu vivo, uma vez é suficiente."
(outra de francis)

"o álcool pode ser o pior inimigo de um homem, mas a bíblia diz para a gente amar o nosso inimigo."
(a saideira de francis)

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anjos da noite

e então, guria, tu curtes frank sinatra?
logo mais, às 22h...
"anjos da noite" para ouvir e amar.
par de horas com sinatra e amigos na rádio cultura fm do distrito federal.
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o programa semanal "anjos da noite" é mais um galanteio radiofônico dos cafajestes do tpb.
(ah, não vai rolar "my way", e nem "new york, new york".)

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18 maio 2008

parece que é ainda construção e já é ruína

tarde de domingo n´aclimação. as crianças de domingo brincam na rua, na calçada em frente ao condomínio pedro rachid. os pais batem uma sinuca e bebem cerveja no boteco ali na pires da mota.
uns vagabundos tostam suas pelancas corporativas ao sol do inverno paulistano. protegidos que estão das crianças e dos bebuns pelos muros altos, eletrificados e intransponíveis, do the double tree park, espichados no deck recém-envernizado da piscina.
piscina com água altamente tratada, claudio bull.
operários trabalham com marretadas, derrubando patamares e vazando paredes, numa tarde de domingo d´aclimação, ali na esquina com a castro alves, no prédio de uma antiga rádio. (o john pothead até já me disse qual era a rádio que evacuou o edifício e se mudou, eldorado, parece, algo assim). o prédio estava abandonado, pardieiro, desde antes de que eu desse com meus costados beats aqui n´aclimação. estava lá por anos e anos caindo aos pedaços. agora alguém quer esse rico imóvel de volta, e rápido, rápido, alguém quer tanto e tanto que seus operários o derrubam a marretadas numa tarde de domingo.
aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína, caetano.
ouço as pessoas gritarem de felicidade pelos pardieiros da josé getúlio. a alegria do futebol. como o corinthians jogou ontem e o palmeiras só mais tarde, concluo que o são paulo acabou de levar um gol pela rede globo. fecho a porta da varanda, a minha resposta, e aumento o som da tevê: grêmio e flamengo para emprestarem cores vivas a meu domingo de exilado on main street.

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aforismo

"a vida é muito curta pra ser pequena"
(chacal)

*creio que esse já foi citado no tpb antes, mas vale repetir

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16 maio 2008

the poetry as a pain in the ass

o pior já passou. então te digo que já posso falar isso agora. me condoí lentamente, ao longo da última semana, com uma crise braba de hemorróidas. ui. te digo que a dor das hemorróidas é em muito semelhante à dor que o poeta carrega n´alma. pois de tão secreta, perfeitamente passa despercebida quando tu vês o poeta andando pela pires da mota. mas, se prestares atenção naquele sujeito ali, bem que poderás apontar nele um certo caminhar diferente, assim meio torto, e mesmo um certo assentar-se diferente, assim meio de ladinho. enfim perceberá um certo ar de calma e dolorida resignação ao passares pelo poeta quando latejante up the ass. porque só o poeta sabe onde lhe aperta a dor. só o poeta sabe como carrega as hemorróidas de seu lirismo. te digo então que recorri, como tantos outros artistas de tantos tempos e tão remotos, ao mundo maravilhoso dos opiáceos para me aliviar o fardo brutal. lidocaína. em duas aplicações diárias up the ass. ao despertar e ao anoitecer. o poeta assim obteve a cura - ainda que passageira - de sua dor. e pôde sentir o mundo inteiro se esvair, se derreter, o mundo se entorpecer, lentamente, a partir de seu traseiro.

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15 maio 2008

lady day sings the blues

estou de volta ao aconchego, como diria a elba. de volta à aclimação. it´s good to be back, quase te escrevo um hai kai, um hai kai d´aclimação. não vi ainda o belho vrito, onde estará the old man? mas este é mesmo the double tree park. o vento rasgante que balouça as janelas não me deixa enganar. o rangido constante das furadeiras elétricas da construção civil também não me deixam enganar. tranco a porta da varanda do décimo sexto andar, talvez por causa dos ruídos urbanos, talvez por medo do nardoni que habita no cárcere privado de meu fundo d´alma. quase te escrevo um hai kai. mas aumento a eletrola e deixo pra lá.

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12 maio 2008

peppermint frappé

todas as manhãs, assim que me levanto e venho acender o computador para começar meu lavoro beat, esta máquina me recebe abrindo uma janelinha cinzenta, que, com fineza, alerta que minha versão fraudulenta do windows já está há muito expirada. pergunta-me, então, se desejo realizar ali no ato a compra de uma nova e autêntica cópia do programa. ou se prefiro "solucionar depois".
sempre aperto essa mesma tecla, "solucionar depois".
a vida é um pouco assim, penso eu, um eterno protelar, um seguido solucionar depois. até que as últimas coisas - como a morte - não terão mais solução, e solucionadas estarão.

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09 maio 2008

raça amor paixão

me desculpem a ausência, morri.

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06 maio 2008

anjos da noite

oh, a fineza de chet baker.
sua voz macia, seu sopro suave.
hoje, às 22h, no 'anjos da noite', pela rádio cultura fm do distrito federal.
aproveite mais essa gentileza dos malacos do tpb.
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp

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05 maio 2008

that joke isn´t funny anymore

não agüento mais a minha antiga cama. não caibo mais na cama em que cabia, diria o poeta. meus hábitos hipsters se manifestam em definitivo quando volto ao aconchego do lar paterno. a cama king size poliespuma estufante e confort, tão bacana e tão avançada em sua tecnologia do sono, apenas me empena a espinha, me entorta as vértebras, me faz roncar e acordar com os ombros doloridos. me mudei para o chão do meu quarto. estendi um colchão de solteiro entre as duas caixas de som do meu estéreo surround sony double bass pro. inerte fico olhando pro teto. bom pra dormir em terceira dimensão, envolto pelas guitarras do sonic youth. mas os stooges não me deixam dormir ali, não. she´s got a tv eye on me...

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03 maio 2008

killing floor

a madeira do assoalho caminhou
depois de mais de quinze anos
natural que caminhasse um bocado
as intempéries
a ação do tempo
a física dos corpos
a madeira do assoalho caminhou algumas polegadas
selvagem
ali fincada no chão de cimento com pregos de aço
caminhou algumas polegadas em quase vinte anos
levantando uma aba ali no meio do chão, uma aba, um cume, uma nervura, uma saliência
o suficiente para o tropicão desatento do passante
o suficiente para tu entender que mesmo a madeira de lei cortada e fatiada e pregada no chão de cimento com pregos de aço acaba caminhando algumas polegadas depois de tanto tempo

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02 maio 2008

Aretha, sing a song for me!

A cidade de São Paulo acordou chorando. Um choro desesperado. Uma vontade louca. De limpar. Seu cinza poluto. Sua alma vendida. Suas buzinas histriônicas. De varrer loucos money makers. Hoje não há terno e gravata. Nem pregão na bolsa. Nem investment grade. Nem carros lentos. Hoje só o silêncio. O dia modorrento. Ruas vazias. E Cat Power. Com os olhos borrados. Em intenso negror. Cantando “Metal Heart”. Em deliciosa melancolia. Cá ao meu lado.

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