nossa consideração

notícia afanada do obituário internacional:
"GENEBRA - O químico suíço Albert Hofmann, que por acidente descobriu a droga alucinógena LSD, em 1943, morreu nesta terça-feira aos 102 anos, conforme anunciou nesta quarta-feira (30/04) a prefeitura de Burg, perto da Basiléia (noroeste da Suíça). Hofmann, nascido em 1906 em Baden (norte), entrou para a história em 16 de abril de 1943 ao experimentar ele mesmo e por casualidade o LSD.Estudante de química, Hofmann dedicava-se aos alcalóides de um fungo que atacava o centeio para criar um estimulante circulatório e respiratório, a Dietilamida de Acido Lisérgico (LSD). Sem perceber, deixou uma gota cair em sua mão. Depois de experimentar a gota, passou a sentir sensações estranhas: angústia, vertigem, visões sobrenaturais, objetos que se moviam no espaço, sentimento de felicidade e plenitude. Três dias depois, repetiu a experiência e teve as mesmas sensações. Para Hofmann, a substância seria útil em psiquiatria e neurologia. Entre 1947 e 1966, o grupo químico suíço Sandoz, para o qual Albert Hofmann trabalhou por muitos anos, fabricou drágeas e ampolas de uso médico. Porém, os abusos deram uma reputação ruim ao LSD, sobretudo nos Estados Unidos, onde nos anos 60 transformou-se na droga número um do movimento hippie. O LSD terminou sendo proibido e a Sandoz interrompeu sua produção."

a vida dura de berna beat

12h00 bate-bola, primeira edição
14h00 arena sportv
15h45 chelsea x liverpool
17h40 boca juniors x cruzeiro
19h45 américa do méxico x flamengo
22h00 nacional de montevidéu x são paulo
00h00 nacional de medellín x fluminense (vt)

anjos da noite

- mas e então, guria, tu curtes jazz?
porque logo mais os anjos da noite vão dar um rolê pelo village vanguard.
john coltrane, sonny rollins, dexter gordon, joe lovano, wynton marsalis e chucho valdes estarão por ali.
afinal o village vanguard é o clube de jazz mais cool de nueva york.
e o programa "anjos da noite" é sagaz criação dos deadbeats do tpb.
todas as terças, a partir das 22h, pela rádio cultura fm do distrito federal.
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp

that old lost magic about time and space

quase quatro da manhã.
e eu aqui. the very freak.
não é tarde, não.
apenas meu fuso horário.
a hora certa em london town.
um tanto atrasadinho em budapeste.

Bartleby and nowadays

- Vamos precisar de alguém de plantão no dia 2 de maio. Você sabe, o cliente gosta desse tipo atitude...
- Eu preferia não fazê-lo

- Mor, domingo é aniversário do filho de dois anos da Paula. Ce sabe, não dá pra gente não ir...
- Eu preferia não fazê-lo

- Mor, vamos na Tok & Stok comprar aquelas coisinhas para a casa?
- Eu preferia não fazê-lo

- Este MBA de marketing administrativo é perfeito para a função que estamos planejando para você. E a empresa paga 70% do curso
- Eu preferia não fazê-lo

- Temos que ver o fantástico hoje! Vai passar a reconstituição do caso Isabella!
- Eu preferia não fazê-lo

Feeling like poetry

"Já fui teu cão
Vigia de uma luz
Sombria

O mais fiel
O sol que no teu céu
Cabia

Mas não entendes
O meu delírio
Amor doente
A carne que não sinto
Entre os dentes

Já fui teu pai
Já fui teu tradutor
Teu guia

Já fui a chave
A parte que te cabe
Um dia

Mas não entendes
Minha loucura
Amor doente
A carne que não sinto
Entre os dentes"

(romulo froes)

lost for words

tenho andado distante. a poesia se torna arisca, eu penso aqui, quando me afasto das metáforas cinzentas de la grand ciudad. porque novamente brasília, sua amplidão e sua latitude luminosa, mais uma vez o eterno retorno, teu déjà-vu once more com seus inseguros e esnobes acentos francónofos, a viagem iniciática de volta ao planalto central do brazil. a esse movimento lento, necessariamente lento, de introspecção geográfica, parece se somar uma continentalização de outra ordem. um ensimesmamento da ordem das idéias ou, ao menos, da ordem de filtragem dessas idéias que, em momentos outros, rebimbam sem direção dentro de minha caixa craniana e acabam espirrando para fora aqui neste blog beat, de maneira certamente imprecisa e talvez por isso mesmo um tanto naive. mas em brasília, não, nada disso. só o que me escapa ao controle é esse fiozinho líquido de meleca soft que teima escorrer pela minha narina esquerda somatizando desde lá dentro dos pulmões essa minha desnatureza cerrada em choque com o amplo mundo - e só me ocorre sentar e escrever qualquer cousa, como num breve cessar-fogo, assim que me levanto até o banheiro e lá assôo na louça da pia o objeto alien de meus vãos esforços poéticos.

More "Pothead" photos

Caros,
Dei uma atualizada no meu blog de fotos, por favor visitem

http://www.flickr.com/photos/joaomarcondes/

see ya!

till the morning comes

é belo o alvorecer n´aclimação. em tons cerúleos de amarelo e laranja sobre o permanente cobertor cinza que se estende por algumas léguas e, por conta de um desses efeitos ópticos do terceiro ano do ensino médio, fica especialmente visível nessas quase horas entre o sono e a vigília. é apenas quando essa névoa cinzenta se desfaz, ou melhor, quando ela volta ao seu estado de precária invisibilidade, que la grand ciudad retoma seu ritmo e seus afazeres diários. antes disso, la grand ciudad paira prenhe no ar, solta no firmamento, espichando-se violenta e silenciosamente por quilômetros e quilômeros quadrados, como um grande e absurdo sonho de janelas e cimentos e passarelas e viadutos e alguns poucos carros e algumas tantas luzes acesas, aquelas luzes daqueles primeiros a espiar por suas janelas la grand ciudad em seu estado estranho de excitação e estática.

a verdade sobre o caso isabela

chega de perícia
chega de sensacionalismo
quero ver a jatobá na playboy

the earthquake inside

e te digo qual não foi minha surpresa
ao abrir a porta do 1604 e catar o jornal na soleira
(antes mesmo que o brito pudesse lê-lo)
"terremoto assusta são paulo"
putaqueopariu - um terremoto verdadeiro - terror e pânico
e eu estava dormindo feito um camelo
literalmente pregado no meu colchão beat
não vi, não ouvi, não senti

anjos da noite

os rolling stones levando blues?
entre e ouça no programa 'anjos da noite' de logo mais.
a catarse radiofônica promovida semanalmente pelos marginais do tpb.
the rolling stones, além de willie dixon, robert johnson, muddy waters, jimmy rogers e buddy guy.
terças, às 22h, pela rádio cultura fm do distrito federal.
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp

because of you

e o bento dezesseis?
o papa nazi foi recebido nos estados unidos, primeiro, ainda no aeroporto, pelo gente finíssima george bush. dias depois, sua santidade foi brindada com um showzinho da kelly clarkson. ha.
esses americanos são mesmo uns escr*tos.

Que matou Isabella?

Isabela? Izabela? Isabella? Ana Carolina? Anna Carolina? Ana Jatobá? Ana sei lá? Cabrini?

Sei lá. Caguei. Num interessa. Aliás, a quem interessa? Qual a importância? Pra você. Pro mundo. Pra mim. Pro aquecimento global

E o Nardoni? Sabe o Nardoni? O Naaardoooni? É, porra, o Nardoni? Num vi. Nem quero saber.

Mas...tadinha. Tão jovem e inocente. Ah... é mesmo. E a dengue? Que qui tem? Deve ter alguma coisa...

A dengue matou a Is (z) abel (l) a?

gonzo

roberto cabrini, quem diria, é o hunter thompson brasileiro.

qualidade de vida

dicas de geraldo alckmin em seu conceito "holístico" de saúde...
. expor-se à luz da manhã
. exercício físico
. alimentação equilibrada e rica em ômega três
. alongamento
. acupuntura
. meditação
. preparar-se para a noite de sono
. sorrir
. namoro e amor (familiar, fratenal, etc)
. fé (a grande conexão)

Febre terçã

Sonhei assim. Que estrangulava um “gestor”. Que escalpelava um “executivo de contas”. Que castrava um “diretor”. E eu? Mesmo, com hematomas e feridas de sangue, corria nu pela Paulista dar saltos mortais.

Adoro esse tipo de sonho. Me aponta o caminho. No ambiente “corporate” o que vale é o “quem trabalha mais”. Eu mudaria para algo como “quem fica mais tempo no emprego”.

- Nossa eu fique até as nove e meia no trabalho ontem

- E eu, fiquei até as dez e o cliente ainda me liga em casa

- ah, eu só consegui terminar o relatório duas da manhã

São frases ditas diariamente, normalmente por mulheres cansadas, incubadoras de um sexo que nunca brota. Cuja grande alegria é ficar uma semana sem comer chocolate ou beber coca-cola. E escutar da colega gordinha “ai amiga como você emagreceu!”

one too many mornings

can you hear them, the helicopters?
acordo com os relâmpagos e os trovões iluminando toda minha sala beat. como num festejo, como the fireworks. abro a porta da varanda e me perco na névoa paulistana. um helicóptero sobrevoa the double tree park num rasante, furando a neblina úmida, rumo ao viaduto do paraíso, onde um carro capotou, levou um poste, abrindo de maneira radiosa e violenta mais uma manhã em la grand ciudad.

vovô jake

"Os médicos de todo o mundo gostariam de examinar o meu corpo quando eu finalmente der o meu último suspiro. Parece que tenho um sistema imunológico incrível. Tive hepatite C e eu me curei sozinho, simplesmente sendo eu mesmo."
(keith richards)

all the things you do for leisure

o sol nem raiou pordetrás dos arranha-céus skyscrappers nouveau riches. são as lamparinas esbranquiçadas da iluminação pública que me guiam arfante pelas ladeiras circundantes do morro d´aclimação. costeio a grade que separa o aclimation park das ruas da urbe imensa. a grade se vai longe, se perde por quilômetros, rasgando o cimento da aclimação, como o muro de berlim, como o muro do méxico, como a muralha da china, como o cercadinho de teu edifício moderno. lanço meus olhos pelas grades do parque, através da barras de ferro, lanço meus olhos no breu da noite selvagem que ainda resiste entre as folhagens, as árvores, a natureza ainda úmida do parque deserto. triste rabicho de noite. os países exteriores estão lá fora.

praia grande, 1995

"Que você conheça manguezais
& realidades não-humanas
que são a essência da Poesia
Que você conheça o sussurro do Sol
Na água ferruginosa dos seus olhos"
(roberto piva)

sweet home aclimation

pois foi ontem à noite, lá pelas dez horas, que bati aqui às portas do the double tree park. depois de duas semanas pagando de poesia beat por aí. depois de doze horas de estrada in a row e hum mil quilômetros rodados a velocidades estonteantes, com direito a um chope em ribeirão preto. sempre gosto de voltar às ruas da aclimação. às ruas e aos seus mendigos, seu pequeno comércio derrota de cada esquina, seu baita canteiro de obras a cada quarteirão. oh, a aclimação. te digo que mal consegui dormir esta noite. quatro, cinco horas no mais. de tamanha que era minha excitação por estar novamente na aclimação. assim que deu cinco da manhã, espreguicei-me em meu colchão hipster e, ligeiro num pulo, coloquei de pé minha maltrapilha carcaça. joguei uma ducha gelada no lombo e fui passear por aí. descendo a pires da mota quando só a tia do revisteiro tentação e o japa verdureiro ali defronte parecem emprestar vida à pacata, à erma aclimation. dobrando ali adiante na avenida, desci pela turmalina no sentido da general polidoro square. estava quase chegando ao aclimation park, de tão habituais volteios, quando resolvi, ao menos por uma vez, virar na rua alabastro e me perder por ali, pelas calles com seus nomes de pedras preciosas, semipreciosas, nomes de militares e poetas. batendo pé pela aclimação, desreconhecendo novas esquinas e permitindo me assombrar com os paralelepípedos de suas ruas esvaziadas. é bom demais estar de volta à grand ciudad. levando fundo a noção de que, a cada amanhecer, a poesia callejeira se renova e cabe a nós - poetas despreocupados - tropicar numa inaudita metáfora aqui e num dodecassílabo logo acolá. às voltas com pensamentos poéticos de tal estirpe, me flagrei palmilhando a subidica da rua josé getúlio (internacionalmente reconhecida por sua gastronomia) e adentrando a padaria madame. comprei um suco de laranja, long life, e juntei uns trocaditos. pude notar, ali de relance, em frente à panificadora beatnik, que já está bem de pé, ereto e hirsuto, o mais novo residencial do bairro. o francófono jardins d´aclimation. colhi uma margarida de plástico no jardim d´aclimação, colhi uns morangos mofados. e fiquei esperando, tal qual marcovaldo, a natureza tomar de volta suas antigas ruas, na forma de uma gramínea brotando entre o fétido calçamento da josé getúlio. tranqüila e infalível como bruce lee. tranqüila e infalível como jack bruce.

See ya on Vergueiro station

Avenida Paulista. Dia nublado. Terno e gravata. Ipod. Passos largos. Passos rápidos. Um pouco atrasado. Um mínimo aceitável. Desvio de uma mendiga com câncer (alegado). Desvio de um hare krishna. Desvio de um grupo escolar. Desvio de vendedor de DVDs. Desvio de um militante da WWF. Faço parte da paisagem. Mais um. A escalar edifícios. A dar bom dia. Cordialmente. Para ascensoristas, porteiros e faxineiras. Quantos sorrisos falsos num único dia? Atrás de uns cobres. De preencher meus espaços de tempo. Com trabalho e respeitabilidade. Com relações públicas e networking. Cumprir tarefas. E correr para o metrô. Abrir espaços. Alcançar minha estação.

often abbreviated to w.w.j.d.

o que jack faria?, procuro me perguntar
a cada noite transvirada pra viajar já de madrugada
what would jack do? what would you do?

quadraphonic

procuro ser displicente
e esticar meus erros
(on purpose)
pra sentir, pra cheirar
a extensão do afeto

in the mind of the bourgeois reader

a imprecisão das palavras
abre novas expressões
nunca saber ao certo
a impressão deixada pela palavra imprecisa

anjos da noite

e então, guria? tu curtes poesia?
"i loved you in the morning
our kisses deep and warm
your hair upon the pillow
like a sleepy golden storm
many loved before us
i know that we are not new
in the city and in forest
they smiled like me and you
but now it´s come do distance
and both of us must try
your eyes are soft with sorrow
hey, that´s no way to say goodbye..."
(leonard cohen)
logo mais...
o programa 'anjos da noite' traz a obra musical do poeta leonard cohen, em redondas quatro décadas de atividades fonográficas.
folk, funk e aquele clima de cabaré peculiar ao leonardão.
o 'anjos da noite' é uma armação radiofônica dos vagabundos do tpb.
todas as terças, às 22h, pela rádio cultura fm do distrito federal.
vai lá: http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp

the rules of the road have been lodged

suando feito um leitão na brasa. o clima do planalto central do brazil me entra pela pele e se condensa em forma de suor dali pra fora. tomo um remédio pra hipertensão que parece não melhorar em nada a pressão, mas certamente me fez mijar feito um camelo e suar como um hipopótamo. incinero mais uma blusa encharcada e abro a pasta cheia de papéis.
brilhantes idéias que duram um par de horas. grandes poemas eternos da semana passada. meus muitos planos, meus enganos, antigas caligrafias, antigos números de telefone com sete dígitos. ouço o telefone ecoar pela casa a noite inteira sem ninguém para atender. a primeira-dama da frança usa um brand new meopard-skin pill-box hat
longa viagem entre são paulo e brasília, passando por ouro preto e pelas estradas esburacadas de minas gerais. varando o chão, deixando rastro de borracha, de latinhas vazias, farelos de polvilho. restos de pneus estourados ao longo dos acostamentos da br-040. não há buracos no asfalto dos road movies de wim wenders.
o sorriso de uma garota de lagoa grande, minas. bela com seus grandes redondos olhos atentos. os brincos verdes a combinar com o verde blusa do posto de gasolina. o verde dos olhos atentos. a guria bonita em seu uniforme, acostumada com os tratos e palavreados dos caminhoneiros, abordando forasteiros. procurando desesperadamente por alguém que a tire daquele lugar.
a velha casa, os velhos amigos, o mesmo velho lago. um pouco mais seco. os poemas de leonard cohen, o filme dos stones, os personagens de bob dylan, as rumbas de marina de la riva, a matinê de mallu magalhães, a vitória do gama, a gravidez da juno, as covinhas da lalá quando a lalá sorri.
a cidade abandonada de sueco e melissa. tentando encontrar o sueco pelas pistas do lago sul. óculos escuros à noite, lou reed?
minhas saudades d´aclimação. once upon a time, eu me espalhava tranqüilo e vagabundo pelas tardes vazias d´aclimação. eu era beat. eu era deadbeat. eu era only a lonesome hobo.
aprender a escrever again. aprender a te escrever once more.

Fotos do "Marcondes"

Amigos, como o berninha anda muito ocupado doing “poesia audiovisual” e eu ando muito ocupado doing “corporate things”, deixo aqui o link de um blog recém montado com minhas fotos jornalísticas e afins...

Melhor forma de visualização pelo modo “slide show”
Vale clicar nas pastas “autores” e “lugares”

http://www.flickr.com/photos/joaomarcondes

anjos da noite

john pothead mandou avisar que hoje temos "anjos da noite".
o programa radiofônico que os vagabundos do tpb agitam todas as terças, às 22h, pela rádio cultura fm do distrito federal.
esta noite teremos o portishead de beth gibbons, lançando disco depois de uma pá de anos, e três jovens cantantes de boa cepa: duffy, adele e regina spektor.
e eu, berna beat, estarei hoje, mui lampeiro com toda minha verve e língua presa, a apresentar o programelho - ocupando um microfone ao lado de nossa soulwoman indiana nomma.
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp