Nas minhas duas últimas visitas à mansão playba do Berna Beat, no décimo-sexto, tive o infortúnio de cruzar com a carcaça fétida do velho Brito. Sempre que o encontro, evito a fala, mesmo o cumprimento, porque nunca se sabe a reação: às vezes ele é até simpático, mas normalmente desvia o olhar ou rosna à guisa de “bom dia”.
Numa dessas vezes eu ia pro Berna e, ao cruzar a lixeira (meu apê fica na outra prumada), estava lá the oldman, sentado na escada, fumando um Galaxy. Ficamos nós dois naquele ambiente escuro e frio. Os olhares se encontraram num susto. O Brito disse “opa, tudo bem?”. Eu sorri amarelo em retribuição. Da outra vez, quando ia embora, dou de cara com o sujeito e, coisa desagradável, descemos juntos o elevador. Dessa vez eu disse algo (boa noite ou qualquer coisa do tipo) e ele rebateu com algum som gutural abafado.
Tenho medo do Brito. Sempre o vejo de manhã, ao realizar meus exercícios matinais regulares. É que a velha o bota pra fora de casa cedo. Umas sete da matina e ele já deve estar no oitavo Galaxy. Gosta de entrar, fumacento, na sala de ginástica e olhar as horas no relógio de parede. Direciona-me um olhar pidão, como quem quer conversar. Eu me enterro no Ipod.
Nos últimos tempos, no entanto, venho criando uma simpatia pela criatura. Tenho vontade de conversar com o Brito, saber sobre sua vida, o que acha da política, futebol. Que tal seu Escort? Aliás, a caranga do Brito, com a pintura descascada, é a segunda pior do The Double. O "The Worst" é o Verona “poça de óleo” do dentista-japa-solitário-hippie. Muito tosques. O meu digníssimo Tubarão Bordeaux, desde que tomou uma porrada na bunda, o friso caiu e o escapamento praticamente encosta no chão, ocupa uma honrosa terceira colocação