The Pothead Blues

poesia beatnik e pensamentos nihilistas

30 setembro 2009

working class girl

o lixo se acumula pelas calçadas da rua loureiro da cruz
porque o kassab decidiu que varrer não é mais importante
entre o lixo acumulado pela ciudad
ainda consigo sentir teu perfume
barato da 25 de marzo
a cada esquina mais distante
a cada esquina mais

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28 setembro 2009

poetry urgency

então ela fez ao poeta a grande pergunta.
- e você trabalha em quê?
- eu sou poeta.
- como assim?
- me diz, guria, tu curtes poesia?
- sim, gosto muito.
- é isso. sou poeta.
- ahn... mas você trabalha com o quê?
- poesia.
- esse é o seu trabalho?
- sim. sou poeta.
- ah.
então ela fez pro poeta o grande silêncio.

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25 setembro 2009

ficha de inscrição

só escrevo o necessário
isso pode ser pouco
pode ser o não escrever
pode ser "pruns cobres"
cansei de escrever
comecei a escrever ontem
escrever ontem (gaguejei)
a escrevê-lo
a inscrever
teu nome
"in my life"

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24 setembro 2009

cabezinha

"já experimentei maconha, mas foi uma vez para nunca mais."
(fernanda paes leme, actriz, sem entrar em detalhes)

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23 setembro 2009

the thin air

encontrei um cara falando sozinho no meio da rua.
grandes cousas. milhares de sujeitos assim estão espalhados aqui e ali pela grand ciudad, por entre os passantes, como se fossem eles também pessoas normais, como você e eu. mas este camarada a quem me refiro, este de ontem, era diferente dos outros de sua espécie.
te digo que eu estava desligado do mundo, a ver o tempo passar, a pensar no flamengo, deixando passivamente que meu corpo monolítico fosse soerguido até um patamar mais elevado pela escada rolante à saída da estação consolação do metrô paulistano. e já estava ali no meio do trajeto mekanico quando olho pra minha esquerda e vejo, descendo a pé as escadas, um sujeito a mais entre as pessoas andantes, um sujeito como outro qualquer. como você ou eu.
não era um homeless. nem me parecia ébrio àquela pequena distância que nos separava. estava trajando uma calça social estilo ponta-de-estoque da riachuelo, sapatos fechados compatíveis, um agasalho bege um pouco puído, porque fazia frio, e era meio grisalho, pronunciadas entradas anunciavam uma calvície in progress, uma barba de dois dias na cara, meio tosca, mas bem mais apresentável que a minha. enfim.
just a regular guy. encontramos aos montes no metropolitano. a única distinção desse cara entre todos os demais, é que ele estava a falar sozinho. não estava esbravejando, atirando os braços, a face crispada de veemência, nadja disso. estava simplesmente a falar sozinho. e perceba que, tampouco, ele estava murmurando de si para si, como quem pensa alto, como quem pensa sozinho e deixa escapar, por distração, as palabras de sua boca. não era assim. se fosse assim, seria just like me, tal qual a ti, presumo. nã.
nosso amigo, ali a descer as escadas do metrô, estava falando com bastante naturalidade. estava mesmo no meio de uma despreocupada conversação, alguém poderia descrever. nem exaltado, nem ensimesmado. ele falava como quem fala com um brother a seu lado. falava como quem conversa em lugares públicos. ao mesmo tempo compartilhando de visível intimidade com o interlocutor e, claro, mantendo um tom de voz normal, reservado, apropriado para que não chame a atenção dos circundantes. uma gesticulação compatível com a oratória cotidiana, as mãos acompanhavam seu discurso, pontuando as frases e mantendo o ritmo oral.
o cara estava simplesmente, digamos assim, a trocar uma ideia - a trocar uma ideia com o ar.
justamente foi essa normalidade da conversa que me atraiu o olhar. se fosse um crazy mendigs a esbravejar, meu camarada, eu apenas riria pra mim mesmo com certa dó, e lembraria de nossos amigos mendigos da rua josé getúlio. o que me deteve o olhar foi justamente a tranquilidade, a tamanha naturalidade. estaria ele no alpendre de casa, a bater um papo matinal com um compadre, fazendo hora para o cafezinho das dez da manhã.
e eu, num átimo algo atrasado, saquei meu auricular do ouvido (no meio de uma canção da cat power), num ploc de despressurização auditiva, e tentei sintonizar minha audição rocker para o que aquele homem estava a dizer. queria, ao menos, pegar uma palavrinha ou duas, se o tema da conversa me escapasse naquele encontro tão breve e fortuito. mas nisso ele já ia adiante, a descer as escadas, e eu continuava minha lenta ascensão mekanica até a calçada da avenida paulista. deixando que o sujeito continuasse a conversar como seu dileto amigo, o ar.

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22 setembro 2009

o lábaro que ostentas estrelado

mais um alarmante indício da onda neofascista que varre o país.
the breaking news do noticiário cívico-patriótico...
"A partir desta terça-feira (22), as escolas públicas e particulares de ensino fundamental terão que executar o Hino Nacional pelo menos uma vez por semana. A autoria da lei, promulgada pelo Congresso Nacional, é do deputado federal Lincoln Portella (PR-MG)."
uma lei de igual teor tinha sido editada em 1971, durante o governo do general emílio garrastazu médici.

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anjos da noite

o grande lobo do mississippi
chester arthur burnett, o homem a quem chamavam howlin' wolf
logo mais, às 22h, no programa 'anjos da noite'
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é mais um uivo do TPB

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city movement

hoje encontrei um mendigo que usava guarda-chuva. garoava.

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21 setembro 2009

nouvelle vague

jean-paul belmondo em brazilia?
fugindo dos bandidos, correndo pela rodoviária,
acossado na esplanada,
andando de bike pelos três poderes,
comendo a poeira do planalto central do país??
http://www.youtube.com/watch?v=b2CBmyIahx4
"o homem do rio" (1964), de philippe de broca.

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rear window

meu avarandado beat dá para as janelas das cozinhas/áreas de serviço do residencial les palms. nunca vi uma vizinha ali a cozinhar nua. ou a passar roupa usando apenas lingerie.
mesmo assim, ainda aproveito um momento de recolhimento à tarde, pra passar bons minutos ali na varanda. pescando, ao acaso, alguma qualquer possível desavisada intimidade que passe por entre as janelas basculantes, por entre os varais de roupas estendidas. just like james stewart.
o máximo de acção que eu testemunhei, tarde dessas, foi a empregada do décimo andar tentando lavar a janela do lado de fora, espichando a mão, com bucha e sabão, por entre a fresta da basculante. limpando alguma possivel titica de pombo/ algum traço de fuligem industrial paulistana. ela apertava seu rosto contra a janela, num abafado esgar de luta, torcendo o braço, como se tentasse escapar por ali.

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palavras alegres (all I need is..)

alvorada lá no morro
que beleza
alvorada em meu coração
sem dor sem sofreguidão
alvorada, que és?
nascer, renascer
de um dia?
de uma alma?
o prazer de te ver
de viver
de escrever
de acordar
bem cedo
e ver
dia lindo assim
só a nascer
sol a ti, ter

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19 setembro 2009

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17 setembro 2009

she's got a smile that it seems to me

o double tree park é um residencial habitado por verdadeiros artistas.
te lembro que quando eu morava na prumada de lá, no 1604, eu tinha um vizinho que estudava clarinete à noitinha. chegava em casa e apanhava do instrumento por meia hora todas as noites. nunca terminou uma partitura.
pois agora, aqui no 1208, tenho um vizinho que está aprendendo a tocar guitarra electrica. desde ontem à tarde tenho ouvido um dedilhar claudicante da introdução de "sweet child of mine". ta-na-na-nan-nan-nã, ta-na-na-nan-nan-nã, ta-na-na-nan-nan-nã... e fica nisso. por quase uma hora.
ou o camarada ganhou sua guitarra dia desses ou trata-se do pior jogador de "guitar heroe" de todos os tempos.
quem sabe podia começar por "smoke on the water".

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já podeis da pátria filhos

o grande problema em tu teres um líder fascista na tua casa é que acaba dando idéia para os vizinhos teus. por exemplo...
tenho uma teoria de que os paranaenses são um bando de gaúchos enrustidos querendo se tirar de paulistas. pode não ser exactamente isso, sociologicamente falando. mas que parece ser, pode crer que parece. basta ver a montoeira de torcedores do corinthians no paraná. ou pior...
quando o josé serra, líder neofascista paulista, inventou de tocar um disquinho com o hino nacional antes de cada jogo - futebol, voleibol, porradobol - no estado de são paulo, ficou meio assim, meio estranho, mas tudo bem. a mim, te digo que me fez lembrar as minhas aulinhas de educação moral e cívica (sob ordens do saudoso general joão baptista figueiredo). mas sempre tem no mundo quem ache graça em associar hinos nacionais a práticas desportivas blablablá e então ficou por isso mesmo. embora seja cafona os jogadores do grêmio barueri com a mão no peito fingindo cantar o ouviurundum. pois então...
algum fascistinha do governo do paraná viu os garbosos mancebos do barueri assim contritos e achou lindo. e resolveu copiar a idéia. aliás, resolveu melhorar a idéia. compiar e ampliar. de modo que no paraná, agora, antes de cada jogo - futebol, voleibol, porradobol - estabeleceu-se por lei estadual que é imperioso tocar o hino nacional & o hino do paraná. se tu assinares o pacote de pay-per-view do kampeonato brazileiro, poderá ver marcelinho parahyba, craque do time do coritiba, com a mão no peito a murmurar os versos do hino paranaense instantes antes de um prélio contra, digamos, o time do atlético mineiro.
Entre os astros do Cruzeiro,/ És o mais belo a fulgir/ Paraná! Serás luzeiro!/ Avante! Para o porvir!... O teu fulgor de mocidade,/ Terra! Tem brilhos de alvorada/ Rumores de felicidade!/ Canções e flores pela estrada...
(letra de domingos nascimento e música de bento mussurunga)
certamente teve quem achou belo, achou bonito, o resgate dos valores paranaenses (quais são mesmo? rumores de felicidade? flores pela estrada?) em praças desportivas, ainda mais quando transmitido pela tevê para além de santa catarina...
e agora os deputados paranenses estão a aprovar uma lei que proíbe fumódros e o escambau no estado do paraná. uma cópia carbono da lei paulista de nosso higienista intolerante josé serra, perpétuo aspirante à presidência da republika. te digo que, daqui pra pouco, os governantes paulistas & paranaenses vão se aperceber de que essas leis são ainda muito flexíveis, muito brandas. é preciso maior zelo, é preciso cuidar do bem-estar de todos nós. e eles então poderiam se unir para decretar o degredo dos fumantes para áreas longínquas. áreas distantes das terras puras e dos ares límpidos de seus bucólicos, silvestres e verdejantes estados...
que tal o espírito santo?

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15 setembro 2009

anjos da noite

uma noite em montreal.
com ornette coleman, anat cohen, ray bonneville, eli 'paperboy' reed, ben harper, stevie wonder & o grande elenco do festival de jazz de montreal.
logo mais, às 22h, no programa 'anjos da noite'
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é mais uma excursão do TPB

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lei cidade suja

o líder neofascista josé serra segregou os fumantes de são paulo e conclamou os cidadãos a ajudarem nessa caçada cívica.
mas o higienista josé serra e seu preposto na prefeitura paulistana, gilberto kassab, pouco se importam com lixo nas ruas & inundações a cada chuva.
the breaking news do noticiário municipal:
"prefeitura de sp avisou que cortará 10% das verbas para o serviço de varrição e coleta de lixo."

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14 setembro 2009

mauvais sang

eu às vezes sangro
sem nem sentir
dum furinho que trago às costas
indolor
ensopo minha camiseta azul manchada de água sanitária
manchada de sangue grosso e doce
enquanto assisto à mesa-redonda de futebol na tevê
já manchei meu sofá beat
ao cochilar
manchei todo o sofá beat com o sangue hipster de minhas costas
quentes
deu um trabalho danado
pra dona maria rosa apagar
no dia seguinte
as marcas do sangue derramado pela casa

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11 setembro 2009

o silêncio da casa do velho

sua solidão me fez chorar
não por ele
mas por mim
por achar que a vida
é feita de emoções
que a vida... é feita
de feitos
que nada,
de nada, por nada
me fez chorar
por milhares de paixões
efêmeras
que me cortaram
lancinantes
e me deixaram
sobrevivo, aqui
zumbi

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josé cruz sempre a atrapalhar o sono dos kartolas

o john pothead tinha comentado comigo dia destes.
mas, desatento que sou, só agora fui lá e conferi.
o grande repórter josé cruz agora escreve sobre esporte e política desportiva no uol.
http://blogdocruz.blog.uol.com.br/
te digo aqui que me dá um baita orgulho de ser jornalista quando temos zé cruz por perto.

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09 setembro 2009

estimação

preto & pobre não entram no shopping bourbon.
mas cachorros são bem-vindos:
com coleira e devidamente acompanhados pelos donos

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08 setembro 2009

anjos da noite

miles davis, john coltrane, julian 'cannonball' adderley,
bill evans, paul chambers & jimmy cobb
kind of blue, 50th anniversary, the legacy edition
logo mais, às 22h, no programa 'anjos da noite'
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é mais um improviso jazzy do TPB

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07 setembro 2009

a história da eternidade

tardes quentes da afrika. faz tipo uma semana que meu apartamento beat tem recebido visita constante. todas as tardes. pouco depois do meio dia, chegam minhas duas visitantes. um par de moscas. as garotas ficam a voar em círculos no meio de minha sala hipster, entre meu aprazível sofá e o armário de livros. esse é o raio de acção delas. perímetro tracejado em absoluta fantasia, com a graça intangível dos paragliders. elas passam horas e horas assim, nem sei te dizer como podem não ficar tontas, voejando em círculos, em elipses, em loops hipnóticos, em espirais que nunka se fecham, infinitas. ligo meu ventilador brittania só pra ver como elas se comportam aos quatro ventos. o facto é que se divertem de monte, se divertem tanto que até recebem companhia. nas tardes mais quentes, às vezes são três, às vezes são quatro as moscas a voar. neste momento em que te escrevo aqui, quase quatro da tarde, são quatro as mosquinhas ligeiras a tracejar parábolas compridas no ar morno de meu apartamento beat. no princípio, pensei que fosse uma espécie de frisson, insectos no cio. a dança das borboletas, canta o poeta zé ramalho. uma espécie de dança do acasalamento dos inseptos. certa vez, quando em menino, lembro ainda hoje, flagrei duas moscas copulando no ar, intensamente, em pleno voo. então posso te dizer que não é o caso aqui presente, não. meu apartamento hipster não virou (ainda) um motel para seres alados. as mosquinhas ficam na maciota, pirando em círculos mil, sem copular, castas como crianças no parquinho, platonikamente como priminhos pré-puberes.
um playcenter para estas tardes vazias.
deve haver uma carniça aqui em meu apartamento.
em todo caso, amanhã é dia de maria rosa, dia de faxina, dia de veja multiuso, álcool zumbi & cândida.
a ver como as moscas beats vão reagir. periga gostarem.

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almost independence day

I can hear them calling way from Oregon
I can hear them calling way from Oregon
And it's almost Independence Day

Me and my lady, we go steppin' (we go steppin')
We go steppin' way out on China town
All to buy some Hong Kong silver
And the wadin' rushing river (we go steppin')
We go out on the, out on the town tonight

I can hear the fireworks
I can hear the fireworks
I can hear the fireworks
Up and down the, up and down the San Francisco bay
Up and down the, up and down the San Francisco bay
I can hear them echoing
I can hear, I can hear them echoing
Up and down the, up and down the San Francisco bay

I can see the boats in the harbor (way across the harbor)
Lights shining out (lights shining out)
And a cool, cool night
And a cool, cool night across the harbor
I can hear the fireworks
I can hear the people, people shouting out
I can hear the people shouting out (up and down the line)
And it's almost Independence Day

I can see the lights way out in the harbor
And the cool, and the cool, and the cool night
And the cool, and the cool, and the cool night breeze
And I feel the cool night breeze
And I feel, feel, feel the cool night breeze
And the boats go by
And it's almost Independence Day
And it's almost, and it's almost Independence Day

Way up and down the line

(van morrison)

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gafe internacional

the breaking news do le monde diplomatique:
"O governante francês, Nicolas Sarkozy, chegou neste domingo a Brasília, onde foi recebido pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com quem assinará, amanhã, acordos na área de defesa em um valor de US$ 12 bilhões. Sarkozy chegou a Brasília acompanhado por uma delegação formada por oito ministros, entre eles o de Assuntos Exteriores, Bernard Kouchner."
brincadeira? ele deixou a carla bruni em casa...

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05 setembro 2009

o último herói paulistano

o velho brito anda sumido. arredio. deve ficar trancado em casa, no 1605, sua senhora passando a chave na porta. horas preso dentro de casa. tardes inteiras dentro de casa. agora que o déspota josé serra & sua ditadura fascista baniram os fumantes do convívio público.
brito, uma espécie de tuaregue do the double tree park, sempre foi um proscrito em nosso residencial nouveau riche. sempre andou pelos cantos, rosnando baixinho, calando à passagem dos demais moradores, fechando a cara para cordiais cumprimentos, olhando pro chão, como a amaldiçoar o universo ao redor. brito, the old man, sempre foi um outsider. o verdadeiro hipster d'aclimação, já te disse isso.
tenho notado como brito anda - ainda mais - afastado do convívio social. atravesso toda a garagem, pego as escadas até o átrio térreo, dou um rolê pelos aprazíveis jardins do double tree. faço hora sentado na poltrona perto dos elevadores, fingindo ler jornais e revistas. onde anda brito? sempre a pensar comigo, onde anda brito? brito, onde?
brito costumava ficar aqui, ali, em toda a parte. fumando seu cigarrinho mata-rato. demarcando território no aparentemente desleixado jogar pelo chão de palitos de fósforo usados. dia desses, quase por acaso, vislumbrei ao longe a turva silhueta de nosso old man em contraste com a cidade cinzenta num cair de tarde. brito estava de pé na calçada do lado de lá da pires da mota. sem fumar. em pé. parado. sem fumar. olhando pro nadja. poderia bem estar fumando ali, no meio da calçada, porque isso ainda pode. mas estava sem fumar. o brito. sem fumar. louko.
sábado é dia de feira na loureiro da cruz. estava de pé, esperando meu pastel de jabah com queijo, quando vi brito, the old man indeed, sentado nos degraus que levam ao pórtico principal do the double tree park. estava meio acocorado. queimando seu cigarrinho, curtindo a kretina liberdade que ainda lhe resta. mas estava com certo ar cansado.
certo ar triste de sad bastard.
não pude evitar: comentei com john pothead, no momento, como me parecia melankolico, brito.
contumaz analista da psiquê humana, o sagaz john pothead concordou apenas em parte com minha observação. "brito sempre foi sad bastard", amenizou pothead, lisergicamente, bem quando eu já me via assaz preocupado com o tal processo de entristecimento que talvez se abatesse sobre o velho senhor.
e john pothead notou que brito, repare, estava até vestindo uma camisa nova. camisa praiana, tipo caymmi, e estava em bermudas.
brito de camisa novinha e bermudas, ali sentado a fumar cigarro, detidamente espiando as atividades peixísticas do peixeiro da feira que limpa as tripas de animais acquaticos todas as manhãs de sábado bem defronte ao the double tree park.
brito está bem. josé serra & seus fascistas podem bolar novas leis e regras e estorvos mil. brito continuará aqui. the old man will abide.

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04 setembro 2009

no alarms, no surprises

tenho alguns reais sobrando na minha conta corrente beatnik.
tento, em vão, aplicá-los em algum esquema financeiro, algum fundo de investimento, alguma espécie de título bancário que me dê a falsa mas apaziguadora sensação de que estou-ganhando-dinheiro-com-o-sistema-capitalista-de-maneira-lícita-e-sóbria. mas é complicado, percebe? fui à agência e o gerente, que mais parecia um standing do giannechini em algum filme de baixo orçamento, não se revelou exatamente entusiasmado com minha hipster figura. abriu o extrato de minha andrajosa conta corrente em seu computador gerencial hi-tech e não pôde conter um discreto suspiro de enfado, manhã de sexta-feira. depois de varrer minha vida ekonomica em ambiente ms-dos, anêmicos números esverdeados, chegou à conclusão algo rasteyra de que aquela ali não era minha agência de origem. pois é, não é, não, meu senhor, mas que que tem? só por isso não vai rolar? me disse que preciso ir à minha agência primeira, que dali fugiria de suas atribuições gerenciais. mas, meu kamarada, lhe respondi, minha agência tal fica em outra cidade, outro estado, longe daqui. pois é, então, que eu tentasse por telefone. 0030, finalizou, com um discreto meneio de cabeça. então voltei pro the double tree park com meus reais sobrantes e de pronto liguei pro tal telephone do banco. discando número da agência, número da conta corrente, senha numérica, senha alfanumérica, o resultado do bicho de ontem, o eskambau alado. depois de alguns minutos de senhas e sequências matriciais, pude estar a ouvir uma gentil e agradável musiquinha enquanto minha ligação - muito importante para nós (eles) - esperava na fila de atendimento pessoal. después comuniquei-me com a teleoperadora a cerca de meu sobrar de reais e, após esperar angustiosos momentos de silêncio entremeados ao nosso proto-diálogo, fui docemente encaminhando a um diligente rapaz do setor de investimentos. pois coube a ele me esclarecer, respeitosa mas peremptoriamente, que não poderia pegar meus sobrantes reais e simplesmente somá-los a um investimento anterior que eu já tinha, e que mui burguesamente mantive sempre a prudente distância de meu fluxo financeiro regular - para que não contaminasse minha poesia beat com as impurezas do vil metal. o diligente rapaz do setor de investimentos disse que eu tinha que manter aquele investimento lá no canto dele, e que estes novos reais sobrantes que agora despencavam de minha conta corrente precisavam ganhar uma segunda forma de rendimento. que eu a escolhesse. perguntou a mim qual tipo de aplicação seria de meu agrado. perguntou se eu poderia dispor, digamos, do tempo de dois anos para dar a esses reais, para que eles se virassem sem mim, e pudessem assim crescer em alto rendimento, longe de meus dedos inábeis para transações financeiras, e que eu mal os reconheceria quando nos reencontrássemos, passado esse tempo.
eu agradeci ao rapaz, muito diligente de fato. mas tive de deixá-lo saber que, pelo que me consta, em dois anos poderemos muito bem estar mortos - eu e ele, eu ou ele, vá saber ao certo. não seria essa a tal condição humana? feitos que somos da mesma substância dos sonhos...
agradeci a ajuda, pedi pra ele relaxar, to take a break, dar um tempo, e desliguei. vou gastar esses meus reais sobrando com tóxico & p*ta.

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03 setembro 2009

to take you home

andando pela avenida paulista & de repente
me ponho a pensar que nunca vi tanta gente assim
junta no mundo.
duas da tarde de quarta-feira,
me pergunto se isso tem sentido & se será
que é assim também
quinta e sexta e depois.
atravesso a faixa de pedestres na
luz verde & me pergunto se
essas pessoas todas estariam
aindacortando a rua,
caso eu tivesse ficado em casa & se quando eu for embora
essas pessoas todas
aindaestarão aqui
quinta e sexta e pra sempre.

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02 setembro 2009

soneto

a poesia agora me tem como seu oposto.
talvez nunca mais me ponha a escrever
uma única e singela
pa-la-bra.
ou talvez amanhã tudo isso já tenha passado,
já passou,
e possa a poesia me reeducar
me ensinar outra vez a contar
tris-sí-la-bos
na sétima série eu não sabia escandir.
por ora não sei mais contar as sílabas poéticas de minhas orações.

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01 setembro 2009

anjos da noite

as semanas astrais de van morrison & o lirismo beat de belfast
logo mais, às 22h, no programa 'anjos da noite'
http://www.movimentocalango.com.br/radiocultura.asp
o 'anjos da noite' é mais uma variação lunar do TPB

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