Céu cor-de-abóbora
Arraquei dele um pedaço. Amassei. Fiz um pão doce. Te ofereci. Te levei às nuvens. Tava frio. Te abracei. Aquele gosto. Se desmanchou. Entre nossos lábios. Mas, confesso. Só fiz isso. Pra tocar. Em teus cabelos. Ruivos.
poesia beatnik e pensamentos nihilistas
Arraquei dele um pedaço. Amassei. Fiz um pão doce. Te ofereci. Te levei às nuvens. Tava frio. Te abracei. Aquele gosto. Se desmanchou. Entre nossos lábios. Mas, confesso. Só fiz isso. Pra tocar. Em teus cabelos. Ruivos.
e qual a necessidade?
os prédios dos states não têm décimo-terceiro andar. superstição. a numeração passa do 12 para o 14. tolinhos. o world trade center não tinha nenhum décimo-terceiro andar e, como sabemos, de pouco adiantou esse cuidado técnico. como no brazil não temos dessas viadagens, o novo residencial que está sendo ostensivamente erguido aqui na rua loureiro da cruz - right defronte à minha janela beat - chegou hoje a seu suntuoso décimo-terceiro patamar. pelo que entendi do folder publicitário, o troço terá 20 andares para empatar com o gigante de concreto conhecido à miúde como the double tree park. se for isso mesmo, então estamos quase lá. "só faltam sete, só faltam sete", diria o zagallo, com as veias saltadas. o velhinho folclórico que, ao contrário dos ianques bundões, se amarra no treze. like roky erickson.
Observei o ser humano na fachada de uma banca de jornal.
A menina encontrou uma flor e disse : “que linda!”
Homem: “Quero”
caminhando pelo aclimation park
"isso não é exatamente uma reverência
a nota amassada
todo os dias caminho pelas aprazíveis calçadas da rua josé getúlio. ali há um boliviano adepto do mercado informal. um sujeito estilo evo morales. ele vende cebolas, alhos, ervas e especiarias várias na banca que arma bem perto do empório dany. será que vende coca pra fazer chazinho?
há um novo bate-estacas na aclimação. ainda não consegui localizá-lo. me debruço na varanda e tento enxergar a nova obra, atraído pelo tão elegante esporro ritmado. a cidade de são paulo não pára mais de crescer. é o progresso do brazil. o novo bate-estacas ressoa a noroeste do the double tree park. deve estar lá pelas imediações da rua tamandaré, no sentido galvão bueno. quase na liberdade. quase.
as cousas prosaicas da vidinha bundona. ao mastigar um biscoito de gergelim light, um naco de dente - crec - saiu rolando pela boca. sou um camarada de obturações expostas. ainda bem que era apenas um biscoito de gergelim light.
recebi a conta de luz. de agora em diante só tomo banho frio.
prazer prolongado e efeito retardante
a nova legislação eleitoral brazileira é um sucesso.
"meu amor é como uma navalha
eu respeito as placas de trânsito
me disseram que esse troço de poesia
queria ter um jipe
eu costumava escrever no caderno de cultura. isso quando eu ainda costumava levar jornalismo a sério e tal. lembro que sempre ficava bastante aborrecido - os leitores, esses m*rdas! - quando telefonavam reclamando das palavras cruzadas repetidas ou sem resposta. as palavras cruzadas que saíam na página mais nobre do caderno de cultura, ali entre o zodíaco, os sete erros e outros importantes serviços prestados pelos órgãos de imprensa.
Tenho de escrever sobre o mercado de capacidade satelital no Brasil. É o tipo de coisa que meu trabalho exige de mim. Fico sem saber o que escrever, por onde começar, o que é mais importante na joça satelital. Aprendi algumas coisas, existem dois tipos de satélite, os de banda C, os de banda Ku (é isso mesmo) – e eles fornecem links de TV e banda larga, entre outros serviços. Mas isso é muito básico. Não é o que querem de mim por aqui. Eu deveria estar adiantando as últimas, quem vai vencer as licitações, quais são as grandes concentrações (fusões de empresas) deste mercado, quem está comprando o quê (ou quem)? Quanto valem os grandes contratos? O que muda com a TV digital? Mas, confesso aqui para vocês, parcos leitores do TPB, só de pensar nestas perguntas me bate um sono danado. Só consigo mesmo escrever essas pouca palavras, este mísero e insignificante desabafo. Quase um grito rouco, que ninguém ouvirá. Meu coração está cheio de questões, mas nenhuma delas contempla capacidade satelital e afins.
"quando você tem cem francos, fica à mercê dos mais covardes pânicos. quando tudo o que você tem na vida são apenas três francos, você se torna bastante indiferente. você fica entediado, mas não tem medo. pensa vagamente: 'em um ou dois dias estarei morrendo de fome - chocante, não?'. e então a mente divaga por outros assuntos. uma dieta de pão e margarina proporciona, em certa medida, seu próprio analgésico. e há outro sentimento que serve de grande consolo na pobreza. acredito que todos que ficaram duros já o experimentaram. é um sentimento de alívio, quase de prazer, de você saber que está, por fim, genuinamente na pior. tantas vezes você falou sobre entrar pelo cano - e, bem, aqui está o cano, você entrou nele e é capaz de agüentar. isso elimina um bocado de ansiedade."
Há tantas pessoas desinteressantes no mundo. Você é apenas mais uma delas.
sete litros de iogurte desnatado
emprestar um nome
atravessar a rua olhando pro lado errado
elegeu a menina mais bonita
ahn, não vou ouvir electronica downtempo aqui agora.
perguntou que bandas novas andava ouvindo. de rock.
admitiu já ter pensado na hipótese de ter filhos. ela queria dois. um casal, claro. não é tão difícil... não. é apenas uma questão biológica rudimentar. mas encontrar o camarada pra ser o pai dos teus filhos é uma busca mais sofisticada. e ainda há a questão do amor. e todos seus arredores. o que complica a situação de forma definitiva.
- hey, guria. o som aqui tá muito alto. me diz... como essa tua amiga te chamou?
"não guardo mágoas", diz antonio palocci.
as criancinhas do colégio integração cantam com marisa monte
não se afaste do caixa eletrônico
a fina camada de pó que cobre os objetos
a poesia é um salto no escuro, baby. não tem ninguém pra te dar a mão. nem rede de proteção. feche os olhos. e sinta o chão faltar sob seus pés. agora.
a luz é a poesia dos olhos.
Notícia do El Pais, jornal espanhol, reproduzida hoje no UOL:
aceno para o ônibus: "passa pelo paraíso?"
Ela tinha belos olhos azuis que, por si só, seriam o suficiente. Mas disse ao rapaz:
metroviários em greve. a população de são paulo se arrasta pela superfície do planeta. manadas e manadas de pedestres se jogam nos cruzamentos, se amontoam nas calçadas, se lançam sobre as faixas de pedestres. encoxando carros metálicos e avançando sobre as motos do telepizza. as pessoas não podem mais se esconder debaixo da terra. as minhocas saem pra fora. como ratos saindo dos bueiros. como larvas nas fossas nasais de corpses insepultos. as larvas do cadáver de uma megalópole condenada. pessoas se movem lentamente pela urbe cinzenta. cidadãos dão cabeçadas, não sabem mais para onde ir. como baratas tontas em labirintos. subindo sempre mais um sempre mais um se apertando nas lotações lotadas. as baratas baratinadas atrás de uma última dose de inseticida. o helicóptero da polícia dá um rasante entre os arranha-céus. uma tentativa de dispersar a multidão. uma tentativa cretina e inútil. é tarde demais para evitar o colapso urbano. não pára mais de aparecer gente saindo de suas casas, apartamentos, barracos, saindo de debaixo das pontes, de dentro das latrinas. estão escapando das prisões federais de segurança máxima. chamem o marcola para tirar esse povo todo das ruas. chamem o marcola, pôrra. o trânsito enfartado atravanca o asfalto - e os selvagens aproveitam para ganhar o dia entre os muros de concreto, as pichações avant-garde. eu aperto o passo pela rua do paraíso e dou uma última olhadela para o outdoor na esquina da rua vergueiro. onde a flávia alessandra, de costas nuas e bumbum empinado, sugere as mais galopantes fantasias à multidão de párias.
me acontece às vezes. quando estou diante do teclado metron de meu computer beat. acontece de eu entrar numa espécie de transe beatífico. e fico cego surdo mudo para essa vida outra que se leva do lado de fora de minha mente. em outras palavras, sim, é um surto. tanto que não consigo controlar minha própria força. então as palavras brotam a mil das sinapses canábicas de meu íntimo cerebelo e de lá de cima elas se transmitem em impulsos, em espasmos nervosos, aos empurrões, até as pontas de meus dedos, tão pouco ágeis em momentos menos febris. esses meus dedos de cavalheiro começam a distribuir pequenas porradas pai mei no corpo de meu teclado, catando milho a velocidades inauditas, caindo como uma chuva de bombas israelenses - e muitas vezes detonando a suspensão tecnológica aerodinâmica das teclas do teclado metron, e muitas vezes causando erros de digitação no texto (convém revisar com cuidado), pois a dislexia taquigráfica é um dos vários componentes traiçoeiros deste meu estilo beatnik de prosa torrencial.
chacoalhante no baú. agarrado no santantônio. me segurando na curva da topaz street. cuidando la cabeza. pra não bater nas barras de ferro amarelas pendentes do teto do mercedes benz. cuidando as pernas. pra não encoxar a moça sentada no banco.
pôrra. o alckmin jura que vai começar a trabalhar no dia primeiro de janeiro. ahn. deixa quieto, vai. dia primeiro de janeiro é feriado.
o lula avisou que não iria ao debate na band trash. disse que de maneira alguma se misturaria com aquela gentelha. e não foi mesmo. pra assim poder "preservar a instituição presidência da república". que bom.
-Hei joe, que capacidade é essa?
acendo um cigarro e perco o fio da meada.
"eu gostaria de uma coca-cola light, num copo com gelo e limão (foi então que baixou a cabeça, assim de leve, baixou muito pouco, só o suficiente pra olhar para a garçonete por sobre as lentes escuras dos óculos ambervision, só o suficiente para baixar a voz um tom), por favor."
nove e meia da noite na cidade de são paulo. esperando aqui o metrô sentido imigrantes. para atravessar a paulista avenue subterraneamente e poder emergir na estação vergueiro. o trem entra rasgando a estação sumaré. abrem as portas. não acredito no que vejo. ali diante de mim. em plena noite de sábado paulistana. the paulistana night. de tão espantado, só saio do lugar quando apita a sirene avisando que as portas já vão fechar. assim que entro, elas se fecham às minhas costas. ainda não acredito. (ai, que pôrra.) o trem parte num arranco que me lança ao chão. caio de joelhos. dali daquela posição tenho de vez a confirmação absurda...
dia do papai. restaurantes entupidos pela grande são paulo. mesas lotadas. famílias, famílias, famílias. john pothead y eu entramos no grande tubarão bordô e miramos para a churrascaria videira. a missão principal era destroçar dois javalis e alguns cupinzeiros bovinos.
esticando a marcha na segunda volta, estranhei como estava vazio o circuito oval do aclimation park. pensei que pudesse ser o pececê a explodir agências bancárias por aí. mas os bancos da aclimation avenue - um dos maiores centros financeiros da latino-américa - estavam tranqüilos minutos antes. pude pagar sem estresse meu aluguel beatnik no caixa automático do bradesco, afim de assegurar o lucro de três bilhões anuais da sólida instituição bancária. um envelope com cheque, por obséquio, conta-corrente e número da agência ali à mão, aguardando a impressão do comprovante de pagamento. e nada me ocorreu. nem sinal dos amigos de marcola. ah, e também estava como habitual o movimento à porta do mansour lanches. vazio. mas lá é sempre vazio. os adolescentes obesos que viram a noite na monkey lan-house preferem os sandubas de isopor do mc donald´s. portanto só na segunda volta pelo circuito oval do aclimation park me dei conta de que este era um estranho final de tarde na megalópole superpovoada. o recanto do saci estava vazio. criança nenhuma brincando por ali. a várzea do poeirão estava vazia. boleiro nenhum dando suas caneladas. ninguém em lugar nenhum. a colônia coreana tinha deixado o aclimation park vazio. podia até ouvir o cantar dos melros no cio. arrepiado diante da inexistência humana, tragicamente absorto pela solidão no meio do mato, interrompi pela metade meu jogging anaeróbico e subi correndo, de dois em dois, os degraus que levam à praça jorge cury. quase enfartando, quase sufocando, ainda mantive a carreira pela turmaline avenue. nem tive tempo para reparar os arbustos ornamentais da praça general polidoro, permanente e diligentemente regados pelo mijo canino.
"you could be my open road
ou... stanislavski levado às últimas consequências no leblon.
a vida como uma rodovia
Os vales verdejantes, próximos ao bosque - logo no final da Rua Rubi. Foi lá mesmo, nas fronteiras do nobre bairro da Aclimação, que me encontrei com Rampaul. O velho mora num fusca cor de abóbora, descascado e abandonado. Seu quarto é o banco de trás. A cozinha, o do motorista. A sala, o assento do passageiro. O banheiro é o mato mesmo.
acordei assim atravessado. num troço nervoso.
o risco-brazil caiu a 207 pontos. o mais baixo desde pedro álvares cabral.
acho que vou dar um pé ali no parque da aclimação, sabe? pra esticar as pernas, estalar os joelhos, aprumar a espinha, suar a pança. vou ver os patos. os patos da lagoa da aclimação são uma grande atração. eles são ferozes patos de quatro asas. que falam coreano, mas não sabem voar. seguem uma rigorosa dieta de coliformes fecais e tilápias ninjas mutantes de três olhos.
revirei mais um maço de cigarro
as crianças brincam correm e jogam bola na arena polidesportiva do colégio integração. as crianças enchem as tardes da aclimação com seu ímpeto infantil. quando algum grito pueril ressoa mais estridente - pavor? terror? perigo? morte? - aqui nas paredes de meu quarto-e-sala, estico o pescoço até a varanda e vejo se a molecada ainda está viva, ali do outro lado da rua. ou se foi soterrada por algum escombro da construção civil ali ao lado. elas brincam festivas sob a sombra cinzenta do futuro novo arranha-céu domicilar da rua loureiro da cruz, entrega prevista para o outono de dois mil e sete. os empreendedores tiveram a simpatia, a gentileza, o cuidado, a minúcia de cobrir com uma tela de proteção a arena polidesportiva dos inquietos infantes. para que nenhum desses moleques seja alvejado com pedaços de reboco industrial durante o recreio, nenhum desses moleques seja empalado por alguma barra de ferro saliente em plena educação física. para que nenhum pai tenha que trancar matrícula por sinistro.
ouço um jazz qualquer. desses vagabundos. de espera em linha telefônica. um solo de sax à kenny g. é uma conference call. aguardo alguns assholes. que vão esmiuçar os resultados financeiros da empresa. qualquer empresa. tenho de correr aqui. dentro de instantes, eles vão começar. vomitarão resultados operacionais. fluxo de caixa. receita de publicidade. ebtida. capex. opex. essas coisas. tudo para convencer bancos investidores de que suas ações devem subir na bolsa. a saúde financeira da empresa vai bem. etc, etc, etc.
rui costa pimenta, candidato à presidência da república pelo partido da causa operária, promete salário mínimo de mil e novecentos reais.
Muito stress baby. Acordei meio assim, thrilled. Too much confusion. Depois que nos amamos loucamente. E brigamos loucamente. E exigiste mil juras de amor. E eu disse, não, não, não. E atiraste aquela faca, em minha direção. Que abriu um rombo, em meu ombro. Meu sangue voou. Sujou minha foto, de Easy Rider. Que jazia ali no chão. Misturada a sementes canábicas. Tão bem deschavadas. E eu disse, por que tudo isso, se o amor é mais simples... que uma soma, um múltiplo, uma subtração. Você disse “não”. Não te quero mais. Só se for assim. "Por completo", suas entranhas, no jantar, no almoço, no café. Oh baby, aí não vai dar, essa noite não. Essa encarnação também não. Não ia me querer tanto assim. Mal me conhece. Sou um anjo caído. Que não se levanta. De tanta preguiça. E de você, que fique o cheiro. Grudado em minha pele. E que dure alguns dias. Que já está bom. Porque, eu. Pra aliviar a tensão. Vou ali ao bosque. Cortar umas árvores. Fazer uma lenha. Que já acaba o verão.
a casa de carnes flor do campo fechou. reabriu um par de semanas después. agora como casa de carnes big ben. aquela moça do caixa, com seu olhar de fastio, não está mais lá. deve ter virado vegetariana. e se mudado para o campo, se mudado para atibaia. mas os açougueiros continuam afiando suas facas e fatiando seus bifes ao som do radinho de pilha ali atrás do balcão.
ter filhos é uma espécie de egotrip. assim como acreditar em deus, acreditar num deus que ainda se importe por ti, é a maior das egotrips.
humphrey bogart puxa a pistola
andei pela rua josé getúlio. hoje de manhã, logo ao acordar, pude ouvir os carrinhos de fórmula um chiando na tevê pebê do garagista. ainda estava meio despenteado, meio sonado. por isso andei devagarinho, na tranqüilidade, prestando bem atenção nas calçadas, nas sarjetas, desvãos. olhando pelos cantos. a sensação de que perdi qualquer coisa por ali. não sei bem o quê. até já me esqueci, mas perdi. perdi por ali. entrei na banca de jornais. a tia estava lá, puxando papo sobre o álbum de figurinhas da copa. nem falei com ela direito, fui meio babaca, matutinamente babaca. é que eu estava atento. procurando ali no revisteiro alguma pista do que tinha perdido. entrei na padaria madame. porque o rod luz ainda não estava aberto, estava com as portas baixadas. um mendigo dormia às portas baixadas do rod luz. ocupando toda a calçada. dormindo com uma calma urbana, a placidez de quem é rolling stone. sem nothing to lose. quem sabe, pensei no momento, tenha sido ele a achar o que perdi. mesmo assim, ainda entrei na padaria madame e pedi um pingado. só pra poder espichar os olhos por ali, para ter a certeza de que não, não fora ali não. o coreano do ver-o-peso já estava acordado. desde ontem ele fechou o restaurante para poder pintar de branco suas paredes, o forro pingando em jornais velhos amarelos amassados espalhados. pelo chão. tentei ler as manchetes, através da janela, mas o cheiro de tinta que escapava por debaixo da porta era assaz insuportável. se ainda houvesse qualquer coisa minha por ali, onde nunca tinha entrado antes, bueno, já estava perdida. voltei pra casa ouvindo o coreaninho chorar qualquer coisa com o pai. ele reclamava em altos brados, mais fortes que o cheiro de tinta, soluçando e se afogando naquelas palavras impronunciáveis que só os koreans entendem. ou dizem entender. deixei quieto e subi a pires da mota até minha casa, até o refúgio double tree park. cantando solito uma canção callejeira de andrés calamaro. com a leve impressão de que o pequeno coreaninho tinha encontrado por acaso qualquer coisa que eu tinha perdido.
"voy a salir a caminar solito
A que tempo nós pertencemos? Well, à era dos celulares. Somos, portanto, nômades conectados ad eternum. Somos do english, a única língua válida na joça da internet. O resto é resto. Só sei de uma coisa. Diante de tanto hi tech. Diante de mídias mais velozes que motoboys psicopatas, eu só queria um abraço. Desses bem quentes. Presenciais mesmo. Abrir meus poros e depois tapá-los. Veja bem, ninguém é mais que ninguém, veja bem. E eu que só queria um abraço.
primeiro foi syd barrett. agora é arthur lee.
meu computador voltou à vida.
"esta cópia do windows não é original. você pode ter sido vítima de falsificação de software"